Fiocruz: festas de fim de ano podem contribuir para colapso na saúde do Rio
Movimentação maior de pessoas deve acelerar contágio do vírus; aumento será justamente em época que procura por hospitais é alta
Especialistas em saúde pública do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) emitiram uma nota técnica nesta terça-feira (8), sobre um possível colapso devido ao aumento de casos de Covid-19 no país.
Segundo o alerta, a movimentação maior de pessoas por causa das festas de fim de ano deve acelerar o contágio do vírus, que já circula em alta velocidade.
A possibilidade de colapso do atendimento aos novos poderá acontecer nas próximas semanas, justamente na época do ano em que a procura pelos hospitais já tende a crescer, por causa do número de acidentes nas estradas e outros fatores.
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De acordo com o documento, além do aumento dos casos e de internações por Covid-19 em vários estados desde o início de novembro, os pacientes que precisam de assistência estão encontrando um sistema de saúde menos preparado para atender à demanda por leitos de enfermarias e UTIs.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 505 pacientes com suspeita ou confirmação da doença aguardam transferência para leitos de internação. Desse total, pouco mais da metade precisa de um leito de UTI. Na capital as taxas de ocupação de leitos estão altíssimas, tanto na rede pública quanto na particular.
Segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, em 24 horas, foram contabilizadas mais 20 mortes, chegando a um total de 23.151. No período de um dia também foram mais 301 casos confirmados de Covid-19 no estado, elevando o total a mais de 371 mil.
Interiorização do vírus
Ainda de acordo com a Fiocruz, a preocupação maior dos especialistas é com relação ao sistema de saúde nas cidades do interior, que historicamente são menos assistidas.
Se até o final de maio, cerca de 67% dos óbitos por Covid-19 no Brasil foram registrados nas regiões metropolitanas, agora as mortes nessas regiões “passaram a representar somente 33% do total de óbitos registrados no país, demonstrando o que pode ser considerado como o fim do processo de interiorização”, diz o documento.
Os especialistas fazem, ainda, um apelo à população. “Sem cuidados devidamente adequados e sem manutenção do isolamento social”, eles afirmam que pode piorar o quadro composto por “desmobilização de leitos extras dos hospitais de campanha; a ocupação de leitos por outros problemas de saúde que ficaram represados durante o avanço da epidemia de Covid-19; a maior circulação de pessoas; as dificuldades de identificação de casos e seus contatos devido à baixa testagem”.