CPI do MST deve votar relatório final nesta terça-feira (26)
Relator da comissão, deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) pediu o indiciamento de 11 pessoas
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, deve votar seu relatório final nesta terça-feira (26). O documento será debatido em plenário a partir das 15h.
A definição ocorre ao menos duas semanas após a previsão de encerramento da investigação, que foi prorrogada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na última quinta-feira (21), o relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), apresentou um relatório que pede o indiciamento de 11 pessoas, incluindo o ex-ministro-chefe do Gabinete Institucional de Segurança (GSI) Gonçalves Dias e o líder da Frente Nacional de Luta (FNL), José Rainha.
A votação, que aconteceria na mesma data, foi adiada após pedido de vista do deputado Nilto Tatto (PT-SP).
Veja os nomes incluídos:
- General Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI;
- José Rainha, líder da FNL;
- Paulo Cesar Souza, integrante do MST;
- Diego Dutra Borges, integrante do MST;
- Juliana Lopes, integrante do MST;
- Cirlene Barros, integrante do MST;
- Welton Souza Pires, integrante do MST;
- Lucinéia Durans, assessora parlamentar;
- Oronildo Lores Costa, assessor parlamentar;
- Jaime Silva, diretor presidente do Iteral (Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas);
- Debora Nunes, integrante do MST
CPI teve trajetória atribulada
Com a premissa de “investigar a atuação do grupo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do seu real propósito, assim como dos seus financiadores”, conforme documento assinado por Arthur Lira, a CPI foi instalada em 17 de maio, após uma crise que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentava com o movimento, que havia invadido fazendas da Suzano, na Bahia, em fevereiro, e anunciado novas “ocupações de terra” para o mês de abril em todo o território nacional.
Presidida pelo deputado tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) e relatada por Salles, parlamentares de oposição, e majoritariamente ocupada por ruralistas, a investigação era criticada por integrantes do governo federal.
A CPI conseguiu levar ao plenário figuras como o ex-ministro Gonçalves Dias, o líder do movimento, João Pedro Stédile, e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, mas viu o governo negociar com partidos do Centrão para substituir integrantes e reverter seu caráter oposicionista.
O relator chegou a dizer à CNN que o “ímpeto governista” do grupo político colocou a CPI “na barganha por cargos”. Já na fase derradeira da investigação, o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), incluído no relatório original de Salles, foi excluído da versão final após pressão governista.