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    Covid-19: cobertura vacinal ajuda na eficiência de vacinas, dizem especialistas

    Infectologistas explicam que se uma vacina com 90% de eficácia não tiver adesão, resultado pode ser pior do que uma vacina com 60% de eficácia e grande adesão

    Fiocruz produzirá vacina em parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca
    Fiocruz produzirá vacina em parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca Foto: Cadu Rolim/FotoArena/Estadão Conteúdo

    Paula Forster, da CNN, em São Paulo

    Embora existam muitas discussões em torno da taxa de eficácia das vacinas desenvolvidas contra a Covid-19, este é só um dos componentes que devem ser levados em consideração para a análise da eficiência do imunizante no combate à pandemia, que já dura quase dez meses no Brasil.

    O infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri explica que, além da taxa de eficácia, outros elementos ajudam a compor a eficiência da vacina como, por exemplo, o número de pessoas vacinadas e de doses disponíveis para a população, o cumprimento do calendário previsto e a conservação em condições adequadas, como a temperatura.

     

    “Podemos ter uma vacina com 90% de eficácia, mas se as pessoas não aderirem, se houver dificuldade com transporte e armazenamento, por exemplo, o resultado é muito pior do que vacinar um número maior de pessoas com uma vacina que tenha 60% de eficácia”, explica.

    A CNN Brasil conversou com o infectologista da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, a respeito da taxa de eficácia da Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, e como ela pode contribuir para o controle da pandemia.

    Segundo o especialista, a preocupação inicial é de evitar que os casos do novo coronavírus se agravem, levando a internações e óbitos. “Nosso principal objetivo, hoje, não é acabar com a transmissão do vírus. Sabemos que não vamos voltar a vida normal com a imunização. Mas quando vacinamos a população idosa e aquela que apresenta alguma comorbidade, geramos um impacto gigantesco para o SUS – Sistema Único de Saúde -, que será desafogado, e diminuímos o número de mortes. A Coronavac é muito boa para esse propósito”, explica.

    De acordo com Naime Barbosa, é a mesma lógica da vacina contra a Influenza, cuja eficácia varia de 40% a 60%. “A imunização da gripe não erradica a doença, mas diminui o número de casos graves. Para a Covid-19 é a mesma coisa. Em um segundo momento, quando vacinas com eficácia maior estiverem a nossa disposição, podemos até conseguir barrar a transmissão do vírus”, explica.

    Para cumprir com o objetivo de reduzir o agravamento da doença, o ideal é vacinar entre 70% e 80% do público alvo inicial, que são os grupos de risco: idosos e pessoas com comorbidades. “Esse número é o que conseguimos alcançar na cobertura vacinal da gripe, porque, infelizmente, não é todo mundo que se vacina mesmo”, diz Naime Barbosa. Com esta taxa, há redução, na mesma proporção, das internações e dos óbitos. “Se hoje tem 1.000 mortes, reduz para 200, por exemplo”, complementa.

    Em coletiva de imprensa do governo do estado de São Paulo, de quarta-feira (13), o diretor do Instituto Butantan Dimas Covas disse que, se a vacinação começar ainda neste mês de janeiro, como previsto, os efeitos em relação a diminuição de óbitos e ocupação de leitos nos hospitais começaram a aparecer a partir de abril.

     

    Alto número de internações

    Há exatos 14 dias após as festas de comemoração da virada do ano, os hospitais da rede privada de São Paulo registram alta de procura de pacientes com suspeita de Covid-19 e também aumento da taxa de ocupação dos leitos.

    O Hospital Israelita Albert Einstein já tem taxa um pouco superior a 93%, resultado da média de ocupação de leitos comuns e de UTI.

    Já o Hospital Sírio Libanês tem 90% de ocupação e o Hospital do Coração (HCor), 89%.

    Segundo a assessoria de imprensa do Hospital 9 de Julho e Santa Paula, o pronto-socorro registrou aumento de procura por pacientes com suspeita do novo coronavírus e também de resultados de exames positivos para a doença. Ambos os hospitais tiveram aumento de demanda por internações desde a segunda quinzena de novembro de 2020, com alta de 30% no Hospital 9 de Julho e 40% no Hospital Santa Paula.

    Segundo o governo do estado de São Paulo, a ocupação de leitos de UTI para pacientes com o novo coronavírus está em 66,3%.