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    Ficamos desapontados, aponta infectologista de Manaus sobre estudo da cloroquina

    Dr. Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical de Manaus, disse também que entende a ansiedade por uma cura, mas que é preciso escutar a ciência

    Da CNN, em São Paulo

    Com a suspensão das pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento contra o coronavírus, a CNN entrevistou Marcus Lacerda, médico infectologista que liderou as pesquisas sobre a cloroquina na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, em Manaus. Ele disse que a recente pesquisa publicada pela revista científica The Lancet, que constatou que os medicamentos usados para tratar a malária podem aumentar a chance de óbito de pacientes da Covid-19, deixou parte da comunidade científica desapontada.

    “O estudo mostrou que o uso da cloroquina e hidroxicloroquina aumentou em 40% as chances de óbito dos pacientes, o que levantou dúvidas sobre os estudos que estavam sendo desenvolvidos e deixou a comunidade científica desapontada.”

    Ele explica que o estudo é um dos mais robustos e abrangentes sobre o medicamento que é visto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), como uma solução para a questão do coronavírus.

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    “O estudo é grande e com alta amostragem mundial e suas evidências mostram que além de não funcionar, o medicamento pode causar mais impactos, uma vez que a Covid-19 pode causar alterações cardíacas, o que favorece os efeitos colaterais da cloroquina.”

    Apesar dos resultados, ele diz entender a ânsia da população em encontrar um medicamento, mas que elas devem se guiar pelos resultados científicos. “Temos que entender a ansiedade de todos, mas que precisamos mudar de opinião de acordo com as evidências. Muitos acreditavam na cloroquina no início.”

    Pesquisa da cloroquina de Manaus

    O Dr. Marcus foi o líder do polêmico estudo sobre a hidroxicloroquina conduzido em pacientes do coronavírus de Manaus, que teve 11 mortes durante o processo e explicou os motivos do resultado, citando que grande parte dos óbitos aconteceram em pacientes que foram medicados com a cloroquina já em estado grave da doença.

    “Quando viram que 11 pessoas morreram, acharam que foi a alta dose que causou a morte. Porém metade dessas mortes ocorreram com quem já estava com casos graves. É natural que quem quer trabalhar com doenças graves irá sofrer com mortes, o que não dá é associar a alta dosagem as mortes.”

    Ele ainda disse que o estudo não foi interrompido, apenas o grupo que estava recebendo alta dosagem da hidroxicloroquina.