Novas vacinas podem não achar idosos para testes facilmente, diz infectologista
Para Denise Garrett, grupo já tem imunizante disponível e dificilmente se submeteria a receber placebo em pesquisa
A seleção de voluntários idosos para os testes das novas vacinas brasileiras Butanvac e Versamune será um desafio para os produtores dos imunizantes, já que há doses disponíveis para os brasileiros nessa faixa etária com eficácia já comprovada. A infectologista e epidemiologista Denise Garrett explicou como isso deve ocorrer, em entrevista à CNN nesta sexta-feira (26).
Segundo Garrett, há duas formas de isso ser feito. “Uma é a correlação de proteção, a gente desenhar um estudo que vai olhar isso. Mas, no caso das vacinas da Covid-19, não tem. O outro tipo de teste é o ensaio de não inferioridade, comparar com a vacina disponível: ao invés de usar o placebo, usa a vacina disponível e prova que a vacina nova não é inferior à que já existe”.
Denise afirmou acreditar que os pesquisadores estão levando isso em consideração, mas que esses fatores “realmente dificultam para achar participantes para ensaios clínicos novos, sabendo que já temos vacinas que eles podem tomar no lugar de placebo”.
A infectologista comemorou a possível autonomia nacional com a produção de vacinas próprias, mas acha difícil a Butanvac estar disponível em julho, como previsto no anúncio.
“Acho o prazo muito otimista e até não realista. Precisa-se fazer testes da fase 2 da vacina, que pode ser rápida, e a fase 3, além de todos os processos de aprovação. Acho maravilhosa essa produção nacional, mas é um processo que já deveria ter começado muito atrás, porque estamos no meio de uma crise. Esse processo será demorado e certamente não será cumprido dentro do cronograma anunciado”, disse.
*Sob supervisão de Elis Franco
