Alta lotação em hospitais acende alerta na região metropolitana de SP
Sistema público de saúde se aproxima do limite máximo
As cidades da região metropolitana de São Paulo estão com as salas de espera dos hospitais lotadas e a taxa de ocupação de UTIs exclusivas para o novo coronavírus em 80%. Uma reportagem da CNN mostrou cenas em um hospital de Santo André, no qual uma paciente estava escorada em uma lata de lixo e o restante da sala estava lotado de pessoas com suspeita da doença.
Em São Caetano, o Hospital Albert Sabin estava com os corredores e a sala de observação lotados às 22h. Uma carreta montada para atender exclusivamente pacientes com suspeita de Covid-19 fica fechada à noite e, por isso, pacientes com e sem a doença ficam misturados em um mesmo cômodo.
“Não tem médico para atender após as 19h. Então, isso está sendo misturado, os pacientes com suspeita de Covid ou Covid positivo na mesma recepção com pacientes com outros diagnósticos que não têm nada a ver”, relatou uma enfermeira do Albert Sabin de São Caetano que não quis ser identificada.
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A dona de casa Gislaine Toledo procurou o atendimento de emergência por conta de uma enxaqueca. Ela precisou esperar cerca de duas horas para ser atendida e sabe que correu o risco de ter sido infectada, pois não há controle e separação dos casos.
“A gente fica receosa, porque a gente chega com um problema e fica com medo de sair com outro”, afirmou.
Há alguns meses, governos e prefeituras decidiram desativar os hospitais de campanha por considerarem que o pico da doença já tinha sido superado. No entanto, em Santo André, um hospital montado em um ginásio poliesportivo foi mantido. Nos últimos 15 dias, o número de internações aumentou de 60 para 150. A UTI está com ocupação de mais de 70%.
“É muito triste ver que as pessoas estão se expondo tanto e adoecendo de um número muito maior dessa vez. A pandemia não acabou”, desabafou Victor Cheavegato, supervisor do hospital de campanha de Santo André.
O clínico Jimmy Acha observou que o procedimento de intubação, realizado quando o paciente já não consegue respirar sem ajuda de aparelho, está mais frequente.
“Antes, a gente tinha um número de pacientes que chegavam com agravamento de comprometimento pulmonar menor. Nesse último mês a gente teve um aumento desses pacientes com comprometimento maior que 50% do pulmão”, afirmou o médico.