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    ‘Aprovação da Anvisa está muito confusa’, diz epidemiologista

    Ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações considera que faltou clareza na decisão da agência reguladora sobre as vacinas Covaxin e Sputnik V

    Produzido por Jorge F Rodrigues, da CNN em São Paulo

    Em entrevista à CNN, a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Vigilância Sanitária) diz que considera a liberação de importação das vacinas Sputnik V, da Rússia, e da Covaxin, fabricada na Índia, “muito confusa”.

    “Essa aprovação, na minha opinião, ficou muito confusa. Você autoriza, mas não dá o registro. Não garante segurança, qualidade e eficácia da vacina, mas permite que ela seja utilizada no país”.

    A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na sexta-feira (4) a importação temporária e com restrições das vacinas Sputnik V  e Covaxin. O gerente-geral de medicamentos da agência reguladora, Gustavo Mendes, deu responsabilidade aos estados para fiscalizarem as primeiras e segundas doses do imunizante russo que, segundo a Anvisa, têm em sua composição adenovírus diferentes.

    A epidemiologista analisa que o processo de verificação em estados e municípios é problemático, uma vez que será preciso implementar em todo o Brasil parâmetros de avaliação por parte dos gestores locais. Com isso, na visão de Domingues, a importação das doses não irá impactar de forma ágil na campanha de vacinação.

    “Vai ser necessário definir alguns parâmetros e protocolos para que essas vacinas comecem a ser utilizadas. Infelizmente, não haverá uma celeridade na vacinação da mesma forma como houve com a autorização emergencial das demais.”

    Na avaliação da epidemiologista, a Anvisa está “delegando” aos estados e municípios o controle de qualidade das vacinas. “Quais critérios estados e municípios vão ter que adotar? Nós estamos dando uma complexidade ainda maior para o PNI”

    Ainda na entrevista, Carla Domingues disse que considerou incoerente a não aprovação de uso emergencial da Sputnik V, uma vez que a vacina já tem sido adotada em outros países, inclusive na América do Sul.

    Em relação à Covaxin, a epidemiologista afirma que a Índia hoje é uma referência mundial em vacinas. “Eu imagino que estiverem concluídos os estudos de fase 3 da Covaxin, teremos uma vacina de qualidade. A Índia tem capacidade de produzir vacinas em larga escala e que passam por todo o controle de qualidade que a Anvisa exige”.

    Frasco da Sputnik V, a vacina russa contra a Covid-19
    Frasco da Sputnik V, a vacina russa contra a Covid-19
    Foto: Sputnik V/Divulgação

     

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