Correspondente Médico: Como a ciência explica a experiência de quase morte?
O neurocientista Fernando Gomes afirma que 'a ciência conversa com essas informações de uma forma muito interessada'
Ver clarões e observar o ambiente ao redor do próprio corpo durante uma situação de risco de morte. Na edição desta quinta-feira (16) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocientista Fernando Gomes abordou como a ciência explica uma experiência de quase morte (EQM).
“Isso é real, mas temos que levar em consideração que quem descreve o fenômeno é quem passou por ele, então não é que a pessoa morreu, ressuscitou, voltou e contou para a gente. Trata-se de uma experiência de quase morte”, definiu.
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O termo foi descrito pela primeira vez em 1975 pelo psiquiatra Raymond Moody Jr., que estudou mais de 100 pessoas que relataram ter passado por EQM e descreveu os casos no livro A Vida Depois da Vida.
Décadas depois, o neurocirurgião Eber Alexandre III relatou ter passado pela experiência após ter tido uma meningite e ter ficado em coma durante sete dias. Ele também descreveu o caso em uma publicação, no livro Uma Prova do Céu: A jornada de um neurocirurgião à vida após a morte.
“Isso mostra que a ciência conversa com essas informações de uma forma muito interessada, porque, de fato, não temos respostas, mas temos evidências, e isso intriga a humanidade”, avaliou Gomes, que informou que há mais de 800 mil trabalhos publicados sobre o assunto.
Do que já é comprovado, o médico explicou que lesões ou problemas de funcionamento no lobo parental direito causam uma sensação física e mental de desprendimento, ou seja: uma realidade extracorpórea.
“A gente sabe que cerca de 10% das pessoas que passaram por parada cardíaca foram reanimadas e voltaram, descrevem situações semelhantes – o clarão, terem encontrado com pessoas que já faleceram ou mentores espirituais e voltam com uma sensação de bem-estar –, além de passarem a lidar com a vida de uma forma diferente”, explicou.
E por que isso acontece? Segundo Gomes, evidências mostram que as sensações físicas podem ter relação com a redução do fluxo sanguíneo reduzido no momento, por exemplo, da parada cardíaca. Isso faz com que o cérebro não receba o sangue da mesma forma – que é direcionado, naquele momento, para o que realmente é vital para a sobrevivência.
“Mas outras partes, relacionadas a nossa consciência e percepção de indivíduo, ficam de uma forma monotonamente alterada. Então, isso traduz para uma experiência e, quando se relembra dessa situação, é descrita da mesma forma por todas as pessoas”, completou.
“Isso não prova ou deixa de provar se existe consciência e espírito fora do corpo ou vida após a morte, só que é intrigante esse ponto de conversão entre ciência, fé e existência de Deus”, conclui.
(Edição: Sinara Peixoto)