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    Governo não quer maquiar dados, mas fazer plástica completa, diz Mandetta

    Segundo ex-ministro da Saúde, em live com o ministro do STF, Gilmar Mendes, decisão do governo pode causar uma série de problemas, como desabastecimento

    André Jankavski, , da CNN, em São Paulo

    O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou fortemente a decisão do governo de rever a forma como divulga os números de infectados e mortos por Covid-19. Segundo Mandetta, que deu a afirmação em uma live organizada pelo Instituto de Direito Público (IDP), o governo não informar os dados pode ser até mais perigoso do que o vírus e enxerga com estranheza a decisão.

    De acordo com o ex-ministro, o governo não quer “maquiar” os números, mas “fazer uma plástica transformadora da face” do problema, assim como “grandes fugitivos que mudam o seu rosto para fugir da política”.

    “Querem fazer uma cirurgia nos protocolos públicos e isso vai causar problemas de desabastecimento, de notificação compulsória e de planejamento de ações”, disse Mandetta, após pergunta realizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

    Para Mandetta, a decisão não faz nenhum sentido do ponto de vista da saúde, mas é compreensível quando se analisa a questão política. Ele comparou o caso com um surto de meningite ocorrido em 1975, durante o período militar, e que, segundo ele, foi escondido pelo governo – e que logo depois precisou fazer uma campanha grande de vacinação para evitar mais problemas.

    “Do ponto de vista político se explica esconder números, manipular números, e não deixar a imprensa saber”, disse ele. 

    Números continuam crescendo

    O boletim mais recente emitido pelo Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (5), apontou a confirmação de 1.009 mortes por Covid-19 nas 24 horas anteriores no país, e 30.830 novos casos de infecções. No mesmo período, foram contatos 11.977 recuperados.

    Com isto, o total de mortes decorrentes da doença no Brasil subiu para 35.026 mortes e o número de casos é de 645.771. A divulgação do último boletim já havia sido feita às 22h, no terceiro dia consecutivo de mudança no horário. A rotina de divulgações mais cedo, na faixa das 19h, era mantida desde abril, quando o ex-ministro Nelson Teich assumiu a pasta da Saúde.

    A polêmica teve início com declarações do conselheiro do Ministério da Saúde, Carlos Wizard Martins, sobre uma eventual recontagem do número de mortos pela Covid-19. 

    “Alguns gestores públicos estão se valendo dessa pandemia para trazer um maior volume de recursos para seus estados e municípios, de forma tal que estão inflacionando o número de óbitos [por Covid-19]. (…) Defendemos um critério mais apurado para, de fato, identificar quem são as vítimas da Covid e quem teve outra causa mortis”, disse Wizard à CNN. 

    Ele ainda defende o uso da hidroxicloroquina como medicamento de prevenção à doença e que as críticas ao remédio vêm de ideais políticos. “A partir do momento em que o governo federal preconiza certa indicação técnica, infelizmente aqueles que são inimigos políticos vão exatamente contrário à orientação.”

    Presidente rebate críticas

    Na manhã deste sábado (6), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou do Twitter para justificar a mudança de horário dos boletins. A razão para a mudança, segundo o presidente, foi para evitar subnotificações.

    “O @minsaude [Ministério da Saúde] adequou a divulgação dos dados sobre casos e mortes relacionados ao Covid-19 (…) As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados”, escreveu Bolsonaro.

    De acordo com o presidente, dessa maneira, será mais fácil acompanhar a realidade do país e definir estratégias adequadas para o atendimento da população.  

    “A curva de casos mostram as situações como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação. Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país. Outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica”, completou.