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    56% dos fluminenses pretende fazer churrasco no recesso sanitário, diz pesquisa

    Especialistas condenam prática e mostram preocupação com aglomerações familiares

    Foto: Andrik Langfield/Unsplash

    Lucas Janone e Stéfano Salles, da CNN, no Rio de Janeiro

    Quase 60% dos moradores do estado do Rio de Janeiro pretendem fazer churrasco durante o recesso sanitário de dez dias, que começou a valer nesta sexta-feira (26) e vai até 4 de abril (Domingo de Páscoa). A expectativa foi divulgada pela Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), em uma pesquisa que ouviu cerca de 1,3 mil consumidores que tinham entre 18 e 70 anos. 

    O levantamento apontou que 56,6% dos fluminenses vão comprar e consumir produtos para churrasco durante o recesso estipulado pelo governo estadual. A lei que rege o período, no entanto, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e sancionada pelo governador interino Cláudio Castro (PSC) justamente para evitar a formação de aglomerações e diminuir a propagação do coronavírus neste período.

    As medidas foram anunciadas em um momento em que sobem as taxas de ocupação dos leitos de terapia intensiva em todo o estado e, em alguns municípios, supera os 100%. Entre as determinações, consta o fechamento de toda a orla e áreas públicas de lazer. Os municípios, no entanto, têm liberdade para impor medidas ainda mais restritivas. Na capital do estado e em Niterói, na Região Metropolitana, funcionam apenas as atividades essenciais. 

    Para a médica sanitarista Bianca Leandro, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o resultado da pesquisa é preocupante por indicar que essas pessoas pretendem participar ou formar aglomerações no período em que estado e municípios adotam medidas para evitar situações como essa. 

    “Associamos o churrasco com contato, confraternização. Esse feriado precisava ser melhor analisado. Páscoa, por exemplo, é uma data familiar, na qual as pessoas costumam se encontrar. Aliado a isso, também existe uma descrença da população nas medidas mais amplas de proteção, apesar do aumento das mortes”, explicou a especialista. 

    A pesquisa da Asserj mostrou que petiscos também estão entre os produtos mais procurados pelos fluminenses. Eles costumam ser consumidos em condições semelhantes às do churrasco: reuniões de amigos e familiares. O levantamento mostra que 46,6% dos moradores do estado vão comprar amendoins, salgadinhos e afins.

    Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e membro do Comitê Especial de Enfrentamento da Covid-19 no município, Alberto Chebabo diz que as pessoas não compreenderam ainda a realidade sanitária. 

    “As pessoas não entenderam ainda o momento em que vivemos. O churrasco em si não é prejudicial, o problema é aglomerar. Você fazer o churrasco dentro do seu âmbito familiar, tudo bem. Mas se você chama pessoas que não moram com você, ai está o problema”, avaliou o infectologista. 

    A taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 na rede estadual está em 92,2%. Na capital, ela está em 95%. Ao todo, 678 pessoas estão na fila por um leito de terapia intensiva nos 92 municípios. O número é recorde desde do início da pandemia, aponta a Central Estadual de Regulação.