Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Estudo: 10% das pessoas que moram com alguém infectado também terão Covid

    Análise revelou que tempo médio desde o diagnóstico do caso inicial até que alguém da mesma casa fosse infectado foi de três dias

    Homem usa máscara protetora contra o coronavírus
    Homem usa máscara protetora contra o coronavírus Foto: Ricardo Moraes/Reuters (18.mar.2020)

    Elmer Huerta, da CNN

    Uma em cada 10 pessoas que moram com alguém diagnosticado com Covid-19 será infectada pelo coronavírus, revela um novo estudo publicado na revista JAMA Internal Medicine.

    Essa possibilidade sempre foi prevista, mas ainda há muitas dúvidas sobre como proceder quando ela ocorre. Para explicar detalhes do risco de contaminação dentro de casa, o médico peruano Elmer Huerta, consultor da CNN, analisou a pesquisa em um podcast da CNN Español.

    “Um ano após o início da pandemia na China, a ciência continua a aprender sobre o novo coronavírus, a doença chamada Covid-19 e seu modo de contágio.

    Recentemente, por exemplo, um artigo da revista Nature alertou que o risco de contágio por superfícies contaminadas, embora seja uma realidade cientificamente comprovada, é bem menor em relação ao contágio pela via respiratória.

    Outro ponto que está sendo estudado é o grau de contágio que pode ocorrer em casa quando um dos membros desenvolve Covid-19.

    Uma pesquisa recente, publicada em 26 de fevereiro no Journal of the American Medical Association, contribui para esse debate, concluindo que uma em cada dez pessoas que vivem na casa de alguém infectado terá um teste positivo para o novo coronavírus.

    A investigação consistiu na revisão dos prontuários médicos de 7.262 pacientes com Covid-19 confirmado por um teste de PCR. Eles foram atendidos no sistema Mass General Brigham em Boston, entre 4 de março e 17 de maio de 2020.

    Cada um desses casos foi chamado de paciente zero.

    A ideia era que, tendo no prontuário eletrônico o endereço da residência de cada um desses pacientes zero, pudesse ser averiguado:

    1 – Quantas pessoas viviam nessas casas e;

    2 – Quantas dessas pessoas tiveram, nos dias seguintes ao primeiro caso na residência, um teste positivo para o novo coronavírus.

    Os resultados indicaram que os 7.262 pacientes zero estavam ligados a quase 18 mil pessoas que viviam no mesmo endereço. Nessas casas moravam entre seis e 10 pessoas, quase igual ao número de homens e mulheres, com idade média de 36 anos e uma em cada quatro tinha menos de 18 anos.

    No total, 1.809 casos de Covid-19 foram diagnosticados entre as 18 mil pessoas expostas.

    Isso resultou em uma incidência geral de 10,1%. O tempo médio desde o diagnóstico do caso inicial até que alguém que morava na casa fosse infectado foi de três dias.

    Quem corre maior risco de contágio?

    As pessoas com maior risco de contrair o coronavírus são as maiores de 18 anos e as que tinham doenças de risco.

    Nesse sentido, as pessoas com mais de 50 anos tinham quase quatro vezes mais probabilidade de serem infectadas. Pessoas com pressão alta tinham quase o dobro de chance de contrair a infecção.

    Uma análise subsequente revelou que se apenas duas pessoas morassem na casa, o risco calculado de contágio era de 13,8%.

    Os autores esclarecem que o resultado de seu trabalho está de acordo com estudo recente de meta-análise americana, em que foram analisados 54 estudos com 77.758 participantes, constatando que 16,6% das pessoas que moravam na casa do paciente zero sofriam da doença.

    Os autores também reconhecem que o estudo tem limitações. Como os casos secundários foram diagnosticados apenas entre os que procuraram a consulta médica, é possível que casos leves ou assintomáticos não tenham sido diagnosticados.

    Conclusões

    Os autores sugerem que, como levou apenas três dias em média para o caso secundário aparecer (que é um tempo de incubação relativamente curto), é possível que algumas infecções não tenham sido causadas pelo paciente zero, mas ambas foram infectadas por outra pessoa, um visitante na casa por exemplo.

    Em termos práticos, é importante saber que se alguém desenvolver sintomas respiratórios em casa, os demais membros devem assumir que é Covid-19 e, portanto, devem iniciar as medidas de isolamento do caso e o uso obrigatório de máscaras.

    O estudo também sugere que organizar encontros sociais em casa, convidando pessoas de fora, pode ser uma fonte significativa de contágio.”

    Texto traduzido. Leia o original em espanhol