Ex-secretário da Saúde vê vacinação em massa só em abril: ‘Não é coisa rápida’
Wanderson de Oliveira diz que volta às aulas presenciais não deve ser pautada para recuperar 2020, mas sim para preparar escolas para 2021
Para o ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde Wanderson de Oliveira, a vacinação contra a Covid-19 em larga escala no país pode ter início apenas a partir de abril de 2021. A previsão, feita em entrevista à analista da CNN Raquel Landim, leva em conta as dificuldades logísticas.
“Eu creio, sinceramente, que nós teremos uma vacina sim neste ano. Teremos uma composição biológica. Mas a produção em escala, até chegar à disponibilidade de todas as pessoas, seja para comprar ou para recebê-la pelo Sistema Único de Saúde, vai ser um processo que eu acredito que em meados de abril, maio do ano que vem. Não é uma coisa rápida”, disse.
Wanderson já dirigiu o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e ocupou a secretaria de Vigilância em Saúde no início da pandemia, nas gestões dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
Sucessor dele à frente da secretaria, Arnaldo Correia de Medeiros tem uma posição mais otimista. À CNN, Medeiros disse acreditar que 15 milhões de brasileiros sejam vacinados ainda em 2020.
Recentemente, o Brasil fechou contrato com a farmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, responsáveis por um dos projetos mais avançados de imunização.
Volta às aulas
O ex-secretário Wanderson de Oliveira afirmou que países pelo mundo têm tido sucesso com a retomada das atividades presenciais nas escolas e que o foco não deve ser preservar o ano letivo de 2020, mas sim preparar as condições para garantir as atividades normais no próximo ano.
“Esse não é mais um ano recuperável do ponto de vista didático-pedagógico, mas se não nos prepararmos para 2021, o prejuízo para essas crianças será muito maior”, disse o epidemiologista.
A respeito da marca de 100 mil mortes por Covid-19, Wanderson afirma que, apesar da gravidade, há um indicativo de que ações do governo fizeram efeito, uma vez que algumas previsões consideravam que esse número poderia ter sido atingido entre o final de junho e o início de julho.
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O ex-secretário afirma que muitas mortes poderiam ter sido evitadas com mais articulação entre os entes federativos e que havia maior necessidade de conscientizar a população para a responsabilidade com o coletivo.
“O fato de ter levado a esse número é uma dificuldade de coordenação da resposta à emergência, principalmente congregando estados e municípios.Trazendo a população para junto do Sistema Único de Saúde, para ela entender a importância da sua contribuição individual na proteção do próximo”, afirma.