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    Governo e empresas fazem ação de guerra para aumentar produção de respiradores

    Diagnóstico do Ministério da Saúde é que o país precisará produzir ao menos 14.400 ventiladores a mais até junho para que os hospitais consigam atender vítimas

    Renata Agostinida CNN

    O governo iniciou uma articulação com algumas das maiores empresas em atividade no país para quintuplicar a fabricação de ventiladores pulmonares nas próximas semanas. Positivo, Suzano, Klabin, GM, Fiat, Bosch, Mercedes-Benz, WEG, Flex e Embraer são algumas das empresas que estão mobilizadas na iniciativa. 

    O diagnóstico do Ministério da Saúde é que o país precisará produzir ao menos 14.400 ventiladores a mais até junho para que os hospitais consigam atender vítimas graves do novo coronavírus. O equipamento é utilizado para ajudar pacientes internados na UTI a respirar e, portanto, são essenciais para que eles possam sobreviver à COVID-19.

    Com essa sinalização, o Ministério da Economia iniciou uma força-tarefa com essas grandes companhias para buscar formas de viabilizar o aumento da fabricação dos aparelhos. A estratégia em curso é a de “expandir para fora” a linha de produção das fabricantes de ventiladores que já operam no país, como Magnamed, Intermed e Leistung.

    Por serem empresas de pequeno porte, elas não dariam conta de aumentar sua capacidade produtiva num curto espaço de tempo. Atualmente, elas conseguem colocar no mercado 250 ventiladores por semana. Será preciso elevar a produção para 1.200 equipamentos por semana e manter esse nível de fabricação ao longo de três meses.

    “Montamos uma operação de guerra”, afirmou à CNN Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia.

    A WEG, fabricante de motores de Santa Catarina, e a Flex, que produz equipamentos eletrônicos em São Paulo, aceitaram modificar parte de suas plantas para começar a produzir os ventiladores. Elas receberão apoio das fabricantes brasileiras para adaptar parte de seu parque fabril e iniciarem a produção dos modelos de ventiladores que já são vendidos localmente. 

    Replicar esses modelos é essencial para que a produção seja aumentada em pouco tempo. Isso porque os profissionais de saúde já sabem como usá-los e são equipamentos homologados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

    Já Positivo, Suzano, Klabin, Bosch, GM, Fiat, Mercedes-Benz são algumas das companhias que aceitaram começar a produzir parte dos componentes necessários para montar os ventiladores. 

    Ainda assim, parte dos componentes terá de ser importado, afirma Gustavo Ene, secretário do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, escalado por Carlos da Costa para coordenar a iniciativa. 

    O governo, com ajuda da consultoria Accenture, está mapeando esses fornecedores estrangeiros para entender quais componentes será possível trazer ao Brasil no curto prazo e o que eventualmente faltará.

    Segundo Ene, a expectativa é que os componentes comecem a chegar no Brasil a partir da semana que vem e, até maio, seja possível alcançar a meta de produzir 1.200 ventiladores por semana no Brasil.

    Como todos os países estão à procura desses componentes, há temor de que os fornecedores estrangeiros não deem conta de atender os pedidos ao longo dos próximos meses, já que o número de casos em diversos países tende a aumentar. 

    Como alternativa, a Embraer foi contactada e se comprometeu a estudar uma forma de fazer “a engenharia reversa” e iniciar a produção no Brasil dessas peças que, hoje, só são encontradas no exterior.

    Em outra frente, o governo identificou 3.700 ventiladores que estão no mercado, mas que precisam de reparos. A ideia é recolher esses equipamentos, repará-los e colocá-los novamente em uso em hospitais. 

    O Senat (Sistema Nacional de Aprendizagem do Transporte) estuda como transportar esses equipamentos até as fábricas das montadoras de veículos, que se disponibilizaram a consertá los.

    “Se formos bem-sucedidos, reduziremos enormemente a letalidade. Muita gente trata a mortalidade do coronavírus como algo fixo quando ela não é. A letalidade se dá pelas características demográficas, mas também pelas condições de tratamento. Vamos reduzir a letalidade no Brasil aumentando nossa capacidade de atender a população. Temos certeza que essa é hoje a iniciativa mais importante para salvar vidas”, diz Carlos da Costa.

    Segundo o secretário, além das grandes companhias do país, há apoio do BNDES e do Bradesco, que entrarão com linhas de crédito às fabricantes, além de ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), Anvisa, da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), da Anfavea, entre outros.

    Respirados para pacientes de coronavírus
    Modelo de respirador usado em pacientes de Covid-19 em hospital na França (20.mar.2020)
    Foto: Stephane Mahe/File Photo/Reuters

     

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