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    Brics, futebol e investimentos: Arábia Saudita destaca otimismo em relação com o Brasil

    Evento promovido pela embaixada árabe comemora o 93º Dia Nacional do Reino e os 55 anos de relações diplomáticas com os brasileiros

    Flávio Ismerimda CNN , São Paulo

    A Arábia Saudita comemora o 93º Dia Nacional do Reino e os 55 anos de relações diplomáticas com o Brasil. Para marcar a data especial, de 23 de setembro, um evento promovido pela embaixada árabe em Brasília contou com a presença de membros do governo brasileiro e personalidades.

    O embaixador da Arábia Saudita no Brasil, Faisal Ghulam, revelou que tem expectativas otimistas para “as possibilidades que temos pela frente” na relação entre os dois países, durante discurso em Brasília.

    “Este ano, [o Dia Nacional do Reino] tem um outro significado, pois marca o 55º ano das relações diplomáticas entre o Reino e o Brasil, uma ocasião importante que nossos líderes destacaram em sua recente reunião durante o G20”, afirmou Ghulam. “Ao longo desses 55 anos, nossas relações diplomáticas floresceram, abrindo caminhos para numerosos marcos significativos.”

    Os festejos aconteceram apenas um dia após o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, encontrar o príncipe Faisal Bin Farhan Al Saud, ministro de Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, na quinta-feira (21).

    Conforme informou o Itamaraty em publicação feita no X, anteriormente conhecido como Twitter, a reunião teve como objetivos tratar sobre a intensificação das relações bilaterais entre as nações nas áreas de comércio e investimentos.

    Lula e MBS

    O desejo de intensificar os investimentos no Brasil já havia sido indicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante encontro com Mohammed bin Salman (MBS), príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, logo após o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20, em Nova Delhi, na Índia.

    De acordo com o Palácio do Planalto, na conversa entre os dois líderes, Lula deu as boas-vindas à Arábia Saudita como novo país-membro do Brics. O país árabe faz parte do grupo de seis novos integrantes oficializados no bloco de nações emergentes em agosto — juntamente com a Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã — durante a cúpula de Joanesburgo.

    Os sauditas afirmam que pretendem investir principalmente na área de petróleo e gás e também nas fontes verdes, além de retomar uma agenda comercial que ficou parada nos últimos anos.

    Na reunião, ficou acertado que uma delegação de empresários e autoridades sauditas deve visitar o Brasil em breve para conhecer a carteira de projetos do Novo PAC que estão abertos a investimentos estrangeiros. Essa agenda será discutida pelos ministérios das Relações Exteriores de ambos os países.

    Comitiva saudita na Fiesp

    Em 31 de julho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, recebeu uma comitiva da Arábia Saudita durante um evento na Fiesp.

    No evento, empresas brasileiras e os sauditas assinaram 26 acordos para comércio bilateral e investimentos. O ministro de Investimento Khalid Al Falih se mostrou otimista em relação ao avanço da parceira entre os países.

    “O Brasil e a Arábia Saudita, dois membros orgulhosos do G20 e produtores de energia, estão bem posicionados para serem parceiros estratégicos, sendo nós líderes econômicos de nossas respectivas regiões”, disse o saudita.

    “Com nossos interesses estratégicos alinhados e os setores privados fortes, poderíamos nos tornar um dos cinco principais investidores na economia um do outro. Acredito que isso será possível”, completou.

    Alckmin ressaltou a “complementariedade econômica” entre Brasil e Arábia Saudita para a segurança alimentar. Ele destacou, por exemplo, a parceria entre os países na área de fertilizantes.

    Entre o “pacote” de acordos anunciados estão memorandos nas áreas de agronegócio e minérios, por exemplo.

    Responsável pela aproximação

    Um dos responsáveis pela aproximação entre Brasil e Arábia Saudita nos últimos anos é o head de investimentos para as Américas do Ministério do Investimento saudita, Adbulrahman Bakir.

    A aproximação trouxe em julho uma comitiva com mais de 90 empresários sauditas e o ministro do Investimento Khalid Al Falih, acompanhado de outros agentes do governo.

    Entre as estratégias para a aproximação, Bakir contou, à época, que recomendou que uma comitiva da Arábia Saudita em visita aos Estados Unidos se hospedasse no Fasano, em Nova York. Os sauditas ficaram impressionados.

    Futebol como ponte entre os países

    Durante seu discurso na celebração do aniversário da unificação da Arábia Saudita, o embaixador Faisal Ghulam lembrou o amistoso entre o Brasil e a seleção saudita em Jeddah, em 1978. Segundo Ghulam, a visita da seleção canarinho “deixou uma marca duradoura no coração dos entusiastas do futebol”.

    A fala do embaixador vem na esteira de uma série de transferências de jogadores para a liga da Arábia Saudita, numa movimentação de mais de 188 milhões de euros (R$ 1 bilhão) em contratações na atual janela de transferências.

    Os investimentos no futebol fazem parte de um grande projeto do governo para mudar a imagem do país, a “Visão 2030” — o que envolve não só o mundo dos esportes, mas também do entretenimento.

    Marcos Motta, sócio da Bichara e Motta Advogados, escritório que representa a liga árabe no Brasil, tem acompanhado de perto o processo de investimentos no futebol e como isso está inserido dentro da Visão 2030.

    “As contratações [para os clubes de futebol] fazem parte de um projeto bem mais ambicioso da Arábia Saudita. E começa com a reestruturação dos clubes de futebol“, contou Motta em entrevista ao programa CNN Esportes S/A.

    A principal das contratações dessa temporada foi a do craque e maior artilheiro da seleção brasileira Neymar, que terá salário de 160 milhões de euros (R$ 861 milhões, na cotação atual) por ano para jogar no Al-Hilal.

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