Homens têm maior risco de desenvolver quadros graves da Covid-19, diz estudo
O motivo seria uma resposta imunológica menos eficiente das células T, necessárias para defesa contra diferentes infecções
Os sistemas imunológicos de homens e mulheres podem apresentar respostas distintas à infecção por Covid-19. Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Yale, publicada na revista científica Nature nesta quarta-feira (26), aponta para uma maior probabilidade de agravamento do quadro da doença no sexo masculino.
O motivo seria uma resposta imunológica menos eficiente das células T, necessárias para defesa contra diferentes infecções.
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Os pesquisadores coletaram amostras de saliva e de sangue de pessoas não infectadas, bem como de pacientes com a doença. A equipe os acompanhou para avaliar como as respostas imunes iniciais diferem em pacientes que se recuperam da Covid-19 e nos que progridem para estágios piores da doença.
Ao longo do estudo, as mulheres apresentaram uma resposta de células T mais eficaz. A reação mais branda das células T estava associada a pacientes do sexo masculino, com idade avançada, relação não constatada no sexo feminino.
Paralelamente, os homens desenvolveram uma resposta inflamatória mais acentuada pela maior presença de citocinas, substâncias que causam a inflamação para combater o invasor.
Esse processo inflamatório, com acúmulo excessivo de citocinas, é responsável pelo agravamento do quadro da Covid-19, com comprometimento dos pulmões. Assim, o corpo é privado de oxigênio, podendo levar a danos nos tecidos e falência de múltiplos órgãos.
Na mesma linha, os pesquisadores observaram que quanto maior a quantidade de citocinas em pacientes mulheres, pior era a evolução do quadro de Covid-19.
Com base nos dados apresentados, os cientistas destacaram a necessidade de uma estratégia por uma vacina que elevaria a resposta das células-T em indivíduos do sexo masculino.
Os homens representam 60% das mortes mundiais causadas pelo novo coronavírus, que já contaminou mais de 24 milhões de pessoas.
Na Inglaterra, inclusive, o órgão nacional de estatísticas observou 17 milhões de adultos e descobriu que o sexo masculino apresenta o dobro do risco de morrer pela doença em relação às mulheres.
(Com supervisão de Evelyne Lorenzetti)