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    ‘Intubar um paciente sem sedação é desumano’, diz anestesista

    Integrante do comitê de crise do Hospital de Caridade, em Florianópolis, afirma que o estoque de remédios está no limite

    Produzido por Layane Serrano, da CNN, em São Paulo

    O conjunto de remédios utilizado para a intubação de pacientes com Covid-19 que necessitam receber ventilação mecânica está esgotando em diversas regiões do país. Já há relatos, inclusive, de médicos que tiveram que fazer o procedimento sem o uso dos sedativos.

    “Intubar um paciente acordado é quase impossível e desumano”, diz a anestesista e integrante do comitê de crise do Hospital de Caridade, em Florianópolis, Karin Elisa Chemes.

    Chemes explica que, embora os estoques estejam chegando ao fim, sua equipe tem conseguido utilizar medicamentos mais antigos, que não são os mais indicados.

    “Com a expertise dos anestesistas, a gente tem um pouco de maleabilidade em relação às drogas utilizadas. Então, nós estamos utilizando hoje drogas que talvez não fossem a nossa primeira escolha, mas são as drogas disponíveis e que promovem o mesmo efeito. Drogas um pouco mais antigas”, conta.

    Chemes ressalta que a falta de remédios para intubação e a sobrecarga causada pela Covid-19 paralisaram as cirúrgias eletivas. “Foram suspensas todas as cirurgias eletivas que utilizam anestesia geral e que têm possibilidade de UTI no pós operatório.”

    Anestesista Karin Elisa Chemes
    Anestesista Karin Elisa Chemes (18 de abril de 2021)
    Foto: Reprodução / CNN

    Sobre uma perpectiva de melhora do quadro atual, ela diz que apenas a redução de casos de Covid-19 pode resolver a crise, já que não se trata de um problemas somente de distribuição dos remédios, mas as próprias farmacêuticas já não têm condições de entregar a quantidade solicitada pelos hospitais. 

    “Começar um plantão de manhã e saber que não vai ter droga até o final do expediente é a mesma coisa que um piloto de avião estar voando e dizer assim: ‘Nós vamos até Fortaleza, mas a nossa gasolina só chega até São Paulo’. É uma situação extremamente desesperadora”, compara.

    Ela conta que uma equipe de anestesistas em Mato Grosso está fazendo um treinamento dentro das UTI’s com aplicação de outros remédios. “Não são sedativos nem relaxantes musculares, são drogas que quando utilizadas diminuem o consumo em até 30%, 40% dos sedativos e dos relaxantes.”

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