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    Remédio contra vermes será testado para combater COVID-19

    Infectologista Sérgio Cimerman conta detalhes do estudo, que envolverá 50 pacientes

    Da CNN, em São Paulo

    O infectologista Sérgio Cimerman explicou em entrevista à CNN neste sábado (18) os detalhes de um estudo desenvolvido para testar a eficácia de um remédio contra vermes no tratamento de pacientes com o novo coronavírus, no Estado de São Paulo.

    “É um remédio bastante conhecido no nosso meio, Nitazoxanida, um antiparasitário e com ação antiviral amplamente utilizado por todos nós com baixíssimos efeitos colaterais e que já apresentou no passado atividade em com células em laboratório e em seres humanos. In vitro, teve bom sucesso para Sars-COV-1 como algumas outras doenças”, disse.

    “A ideia é tentar fazer um estudo randomizado com placebo e avaliar a resposta clínica do paciente. É um estudo piloto, pequeno, diferente do estudo do que o Ministério da Saúde está fazendo. Se mostrar algum benefício clínico, depois iniciaremos um estudo fase 3 para ampliar o número de pacientes e ter uma sustentabilidade e tranquilidade para dar um fármaco adequado.”

    O médico alerta que não é necessário correr para as farmácias. “As pessoas não devem sair à procura dessa medicação para comprar, não tem efeito preventivo e existem várias patologias que precisam desse medicamento”.

    Os testes devem começar na semana que vem. “Esse trabalho foi aprovado na Comissão Nacional de Ética e Pesquisa de forma bastante ágil e pela Anvisa. Devemos levar em média três meses para ter uma avaliação de como estão esses pacientes.”

    E quem poderá tomar? “Adotamos como linha nesse estudo o remédio para casos moderados, pacientes com sintomas clássicos associados à falta de ar. Para entrar no estudo, tendo esse exame positivo, ele pode entrar no protocolo e tomar ou não o remédio. Casos leves e preventivos não entram”, avisa.

    Infectologista Sérgio Cimerman conta detalhes do estudo (18.abr.2020)
     
    Foto: Reprodução/CNN

    Cimerman diz que em dois hospitais na região de Campinas e três na região de São Paulo será aplicado o estudo, somando 50 pessoas. “Não temos ideia se vamos chegar a 94% de eficácia como em ‘in vitro’. A gente espera que se o paciente não evoluir para a UTI ou evoluir de forma mais leve, já seja um benefício clínico. Se vai dar certo, a gente precisa fazer o teste e tentar dar alguma luz.”

    Ele falou ainda sobre prováveis efeitos colaterais. “Como todo remédio, ele tem efeitos adversos. A urina pode ficar esverdeada, mas não apresenta toxidade hepática ou renal que impeça de tomar. Não tem problema para diábético, cardiopatas, é uma medicação segura.”

    Isolamento

    Enquanto não há uma solução, é importante ficar em casa, alerta. “Hoje precisa ter isolamento horizontal. As pessoas não estão entendendo a real necessidade disso. A quarentena se mostrou efetiva em todos os lugares. A Itália, devastada pela COVID-19, hoje já dá respostas exuberantes. No Brasil, se a gente não fizer o isolamento, no final de abril, maio, vai ser realmente um problema.”

    A contaminação é rápida: “É um vírus de alta transmissibilidade. A gente acreditava que seria inferior ao H1N1. Um paciente origina três, isso vai aumentando em progressão geométrica. Os pacientes assintomáticos podem transmitir até 48 horas antes de apresentar algum sintoma. Se tivermos o isolamento adequado, poderemos ter respostas”, espera.

    Cimerman lembra ainda que não dá para esperar uma vacina a curto prazo. “Está longe de termos vacina, uma bem feita leva de 12 a 18 meses. Há cinco grandes estudos, mas longe de acontecer”.