‘É melhor vacinar muita gente e interromper do que ir a conta-gotas’, diz médico
Para o sanitarista da Fiocruz Brasília e ex-presidente da Anvisa Claudio Maierovitch, o Brasil 'está muito lento na vacinação'
Ao menos 8,425 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas no Brasil até sábado (27), segundo levantamento feito pela CNN Brasil com base nas secretarias estaduais que divulgaram o balanço preliminar da vacinação. Para o sanitarista da Fiocruz Brasília e ex-presidente da Anvisa Claudio Maierovitch, o Brasil “está muito lento na vacinação”.
“Nós que temos um sistema de vacinação capaz de aplicar milhões de doses num único dia, como já fizemos várias vezes, estamos rateando. Isso se explica, em grande parte, pela incerteza de que prefeitos, governadores e seus respectivos secretários têm quanto às novas entregas de vacinas”, diz.
Diante da alta do número de casos e a ocupação dos leitos de UTI entre 80% e 90% em diversas regiões do Brasil, Maierovitch defende que os gestores locais não fiquem “segurando” as doses com medo de pausar a campanha.
“Na medida em que faltam vacina, eles tendem a diminuir o ritmo e o número de portas abertas para a vacinação, com medo de terem que interromper. Nesse momento, é melhor vacinar um monte de gente, interromper e vacinar mais adiante do que ir aplicando a conta-gotas”, defende.
A respeito das aglomerações de jovens sem máscaras flagradas neste fim de semana, o sanitarista criticou a fiscalização dos bares e, também, os representantes pelo mau exemplo.
“As pessoas querem sair, especialmente os jovens — que querem sair e ir para a balada, bares etc. — e ouvem a mensagem de que não devem. Mas ouvem também — e, pior do que isso, ouvem esta mensagem de uma grande autoridade — que devem, que podem, que não precisam usar máscara”, diz.
“Não há repressão a esse tipo de comportamento. Estes bares deveriam estar todos fechados, não se trata apenas de evitar que as pessoas, individualmente, frequentem os bares ou os carrinhos de ambulante. Nós devíamos ter algum tipo de controle para manterem as ruas vazias”, conclui.
Uma nova remessa de insumos para vacinas — IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) — chegou ao Rio de Janeiro no sábado (27) e, com isso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) poderá produzir mais de 12 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19. Além disso, neste domingo (28), o Instituto Butantan deve finalizar a entrega de 3,9 milhões de doses ao Plano Nacional de Imunização.
(*Supervisão de Eli Franco)
(Texto publicado por Natália Flach)