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    Oncologista cotado para ministério defende “isolamento inteligente” 

    Para o médico, o ideal seria um isolamento “personalizado”, “um modelo semelhante ao da Coreia do Sul”

    Iuri Pittada CNN

    Em texto publicado em rede social, o oncologista Nelson Teich, um dos nomes cotados para assumir o Ministério da Saúde, defende “isolamento inteligente ou estratégico” no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a partir do uso de testes em massa para COVID-19 e de “estratégias de rastreamento e monitorização” por meio do sinais de telefones celulares dos cidadãos. Para o médico, o ideal seria um isolamento “personalizado”, “um modelo semelhante ao da Coreia do Sul”. 

    “Essa estratégia demanda um conhecimento maior da extensão da doença na população e uma capacidade de rastrear pessoas infectadas e seus contatos. Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxílio das operadoras de telefonia celular”, analisa Teich. “Esse monitoramento provavelmente teria uma grande resistência da sociedade e demandaria definição e aceitação de regras claras de proteção de dados pessoais.” 

    Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro mandou o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações suspender o monitoramento de porcentual de adesão às medidas de isolamento por meio do rastreamento do sinal de telefonia celular. O ministro Marcos Pontes chegou a apagar uma postagem em rede social que fazia menção à iniciativa. 

    Bolsonaro também afirmou, em uma das saídas a pé que fez na semana passada, no dia 10, que “ninguém vai tolher minha liberdade de ir e vir”, em crítica ao monitoramento adotado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para indicar a adesão às medidas de isolamento social. 

    Dados e polarização 

    Na postagem de 2 de abril e em outras manifestações, Nelson Teich reconhece que é preciso entender a pandemia como um momento “marcado por enorme falta de informação e grande incerteza em relação à Covid-19″. “Um nível de incerteza muito alto obriga gestores a rever quase que diariamente, com bases em novas informações que vão sendo acumuladas, as escolhas, políticas e ações que foram previamente determinadas”, escreveu o oncologista.  

    Ele também é crítico à polarização do debate nas políticas de saúde sobre a doença e os impactos socioeconômicos da pandemia. “Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas”, escreveu. “A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal.”  

    Em texto anterior, Teich afirmou que “ter uma visão polarizada, tentando adivinhar o que vai acontecer ou assumindo posições radicais só vai atrapalhar a capacidade de entender e enfrentar a situação e de se transformar com a velocidade e eficiência necessárias”. 

    Teich defende a criação de um “programa de Informação e Inteligência que consolide todas as informações críticas que vão permitir entender a doença e suas consequências e definir as políticas e ações adequadas”.

    Para o médico, esses dados são fundamentais para se adotar estratégicas diferentes no território brasileiro, conforme a necessidade e a gravidade da doença em cada região, posição que encontra eco dentro do governo Bolsonaro. 

    “Trabalhar o Brasil com o detalhamento necessário por estados ou regiões, permitindo que as ações e políticas sejam implementadas na sequência ideal nas diferentes regiões do país, auxiliando nas estratégias de logística e transferência de recursos de uma parte do país para outra”, afirmou.

    “Isso vai evitar a compra de insumos e equipamentos de forma simultânea para todo o país, algo importante não só pelo custo financeiro, mas também por uma possível escassez de recursos para compra, que pode acontecer em diferentes momentos ao longo da crise.” 

    Por fim, Teich reconhece que “tudo o que foi falado é muito fácil de falar, mas muito difícil de fazer acontecer”. Para o médico, é preciso “gestão centralizada e estruturada, incluindo o sistema público nos níveis federal, estadual e municipal, a saúde suplementar e contribuições da iniciativa privada. Também é fundamental o alinhamento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”.

    Nas considerações finais da análise, o oncologista define o cenário: “Gerir e fazer acontecer em períodos de crise é um desafio enorme”.

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