Falta transparência em dados apresentados da Sputnik V, diz ex-diretor da Anvisa
Médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto falou à CNN sobre insegurança em dados apresentados da vacina desenvolvida pela Rússia
O México se tornou, nesta quarta-feira (3), o 17º país do mundo a aprovar o uso emergencial da vacina contra Covid-19 Sputnik V, imunizante desenvolvido pela Rússia. Apesar de já ser utilizada em outras nações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que a vacina passe por testes com voluntários no Brasil para que seu uso seja autorizado no país.
Médico sanitarista e ex-diretor da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto explicou à CNN que, para essa autorização acontecer sem os testes da fase 3 em brasileiros, a legislação precisaria ser alterada. No entanto, ele destacou que ainda há dúvidas sobre os dados apresentados sobre a Sputnik V.
“Tem uma ‘fumacinha’ no meio do caminho que não permite que enxerguemos com a devida transparência o que está acontecendo com essa vacina”, disse Vecina. “Desde que foi lançada, a Sputnik V apresentou dados insuficientes e ela continua com dados insuficientes”, afirmou o médico.
“Os estudos de fase 3 que ela está colocando à disposição do mundo, que foram publicados na revista Lancet, utilizaram 20 mil pacientes [nos testes]. O adequado seria ela trabalhar com número maior, próximo de 40 mil”, detalhou Vecina. “Os estudos de fase 3 continuam, ela está se preparando para apresentar esses dados completos mais à frente. Mas ainda não nos apresentou.”
Eficácia da Sputnik V
Em revisão de estudo publicado na revista médica The Lancet na terça-feira (2), a vacina Sputnik V mostrou eficácia de 91,6% em regime de duas doses, além de grandes resultados em termos de imunogenicidade e segurança contra o novo coronavírus.
A análise incluiu dados de 19.866 voluntários, que receberam a primeira e a segunda doses da vacina Sputnik V, ou seu placebo, entre os quais foram confirmados 78 casos de Covid-19.
O estudo apontou que entre os 2.144 idosos com mais de 60 anos que participaram do estudo, a taxa de eficácia foi de 91,8% e, portanto, não diferiu estatisticamente do grupo de 18 a 60 anos.
(Publicado por: André Rigue)