5 perguntas sobre vacinação contra Covid-19 que devem ser respondidas no Senado
Sessão para discutir plano nacional de imunização, com presença do ministro Eduardo Pazuello, será realizada nesta quinta-feira (17), às 10h
O Senado recebe nesta quinta-feira (17) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e representantes de entidades da área da saúde para debater as estratégias do governo federal e dos governos estaduais para a vacinação da população contra a Covid-19.
Na reunião, prevista para as 10h, senadores buscarão respostas para algumas das principais perguntas sobre as vacinas contra a doença do novo coronavírus que ainda não foram consideradas suficientemente respondidas.
O requerimento que deu origem à reunião pode ser ressumido em uma pergunta: o Brasil está, ou estará, preparado para imunizar a população em breve?
“Os governos precisam começar a definir estratégias e estruturas, em vez de realizar medidas para quando a crise chegar”, escrevem os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Esperidião Amin (PP-SC), Marcelo Castro (MDB-PI) e Nelsinho Trad (PSD-MS).
A CNN lista abaixo cinco perguntas que permanecem a respeito da vacinação contra a Covid-19 e que devem estar na pauta da reunião desta quarta e o que se sabe até agora sobre cada tópico.
A tão aguardada definição de uma data de distribuição, o andamento das principais candidatas a imunizantes e a preparação logística para o recebimento, armazenamento, transporte e distribuição estão entre os assuntos a serem discutidos.
A possibilidade de obrigatoriedade da vacina, sobre a mesa do STF, também.
Assista e leia também:
Em memorando, ministério pede dados ao Butantan antes de acerto sobre vacina
Governo se preocupa com avanço da Argentina na vacina
São Paulo confirma 1º caso de reinfecção pelo novo coronavírus no estado
Responderão às perguntas dos senadores, além de Pazuello, outros dois representantes do Ministério da Saúde, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, e a diretora do Programa de Imunização, Francieli Fantinato.
Pelos estados, Carlos Lula, secretário do Maranhão e presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass).
Pelos municípios, Cristiane Pantaleão, do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
O médico infectologista Antônio Miranda e Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), completam a relação de debatedores.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, foi convidado, mas não está confirmado para a reunião.
1) Quando a vacinação começa?
A pergunta já foi feita ao Ministério da Saúde, pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de uma ação que cobra o governo federal da definição de uma estratégia de vacinação. A União apresentou seu plano de vacinação nessa quarta-feira (16), mas segue sem data definida.
Na resposta a Lewandowski, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, argumentou que só pode definir uma data para iniciar a vacinação depois que um imunizante for devidamente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A pressão para a definição de uma data, que permita às farmacêuticas apresentar as informações necessárias e a Anvisa analisá-las, cresceu depois que países como Reino Unido, Estados Unidos e Canadá iniciaram a vacinar as suas populações para a Covid-19.
A última meta estabelecida por Pazuello é a de que o Ministério da Saúde possa iniciar a imunização em cinco dias após a aprovação de uma vacina pela Anvisa e diante de estoques disponíveis.
2) Que vacinas o Brasil pretende usar?
As vacinas prioritárias para o Brasil passaram por idas e vindas nas últimas semanas. Aposta inicial, a vacina de Oxford com a AstraZeneca voltou a lista de prioridades depois de atrasos em seus estudos clínicos.
Vacina que já começou a ser produzida, a Coronavac, do Instituto Butantan com a chinesa Sinovac, avançou para ser incluída no plano. No requerimento em que propõem a reunião, os senadores argumentam que “não é possível nenhum tipo de conotação política, ideológica ou de competições entre entes”.
A Coronavac foi motivo de divergências públicas entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o próprio ministro Eduardo Pazuello e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Até o momento, enquanto não firma acordo para o uso nacional da Coronavac, Doria quer iniciar a vacinação com o imunizante no estado de São Paulo a partir de 25 de janeiro.
E esse acordo, apesar de ser tratado como certo por Pazuello aos governadores em reunião, pode não sair.
A CNN teve acesso ao memorando enviado pelo Ministério da Saúde ao diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, que está em tons mais moderados e ainda cobrando informações da entidade ligada ao governo paulista.
A vacina da Pfizer, a mesma usada na vacinação já iniciada nos EUA e no Reino Unido, deve ser incluída também. Na primeira fase, no entanto, os imunizantes da empresa americana deverão vir em uma dose pequena se comparada a das outras candidatas preferenciais.
Destaques do CNN Brasil Business
Pix: Faturas de celular poderão ser pagas com sistema do Banco Central
A entrada do Brasil na OCDE é questão de tempo, diz diretor da organização
O Brasil será a maior fronteira dos investimentos do mundo em 2021, diz Guedes
Ouro terá valor recorde em 2021, apesar de revisão negativa, diz Credit Suisse
3) Quantas doses o Brasil terá? E quando chegam?
Vários números já foram colocados até agora — e uma das questões certas para Pazuello é qual é a realidade atual do país nesse tema.
O ministro da Saúde já estimou em 300 milhões a quantidade de doses à disposição do Brasil. No entanto, a pressa pela vacinação e as inseguranças a respeito das datas para entregas dizem outra coisa.
Apuração da analista da CNN Raquel Landim aponta que o plano divulgado pelo governo federal prevê imunizar apenas 0,6% da população brasileira até março. Essas pessoas seriam atendidas com 2 milhões de doses vacina da Pfizer, a única empresa que garante alguma entrega no primeiro trimestre.
Esse total de imunizantes disponíveis no início do ano cresceria de forma expressiva caso se confirme o acordo pela Coronavac. O Instituto Butantan pode fornecer 20 milhões de doses até o final de janeiro. O Ministério da Saúde ainda espera outras 15 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, que poderiam chegar em fevereiro.
4) O Brasil está preparado para os desafios logísticos?
A logística da vacinação contra a Covid-19 não tende a ser simples. Imunizantes a serem utilizados possuem diferentes práticas de aplicações, origens, armazenamentos e distribuição. Em especial da Pfizer, que precisa ser armazenada em “supercongeladores”.
Os senadores questionam se o Ministério da Saúde está preparado para esse trabalho.
“Com proporções continentais nossos desafios aumentam, questões como o armazenamento, distribuição em condições extrema de temperatura, embalagem, organização de logística em relação ao tempo de atendimento à população nas diferentes regiões, algumas com extrema dificuldade de acesso”, escrevem os parlamentares, na proposta da reunião.
Os parlamentares devem repetir ao ministro e demais presentes perguntas que mostram que o problema pode ser tão simples quanto complexo ao mesmo tempo.
Há uma necessidade crescente por seringas adequadas às imunizações e há dúvidas se o Brasil estará abastecido desse insumo para dar conta da demanda.
“Também é preciso planejamento prévio para garantir os insumos necessários para imunização, como seringas, pois o mundo todo está buscando adquirir esses insumos”, defendem.
5) A vacina será obrigatória no Brasil?
Essa pergunta não depende apenas do ministro Eduardo Pazuello e dos demais presentes à reunião, mas nem por isso deve deixar de ser feita.
O assunto é tema de um debate iniciado nessa quarta-feira (16) no Supremo Tribunal Federal (STF), que julga ações contra e a favor da possibilidade de obrigação da imunização no país.
Relator da ação no STF, o ministro Ricardo Lewandowski concordou parcialmente que a vacina possa ser obrigatória. Para Lewandowski, a vacinação não pode ser à força, mas o país pode impor restrições a quem não se vacinar.
A realização de procedimentos compulsórios — como exames e vacinas — contra a Covid-19 está prevista em lei promulgada no início deste ano.
No entanto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já argumentou que se trata da possibilidade de obrigar, o que ele não pretende fazer.
Pazuello e representantes do Ministério da Saúde serão mais uma vez questionados sobre o tema.