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    Teste clínico com vacina nasal da USP deve começar em janeiro, diz pesquisador

    A vacina contra o novo coronavírus está em fase pré-clínica de testes - quando são feitas análises com animais

    Uma vacina de aplicação nasal contra Covid-19, em desenvolvimento na Universidade de São Paulo (USP), deve entrar na fase de testes clínicos (com humanos) entre janeiro e fevereiro de 2021. Segundo o pesquisador Marco Antonio Stephano, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, o estudo está em fase pré-clínica (em que são feitos testes em animais).

    Stephano explicou que a vacina nasal pode ajudar bloquear o vírus na “porta de entrada” – o que não acontece com as vacinas tradicionais.

    “O grande problema é que as vacinas atuais são injetadas, então são responsáveis por evitar apenas a forma mais grave da doença e não interferem, por exemplo, no processo infeccioso. Ou seja, não impedem a entrada do vírus no momento da infecção”, disse ele. 

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    “Já a vacina por spray nasal, além de levar a produção de anticorpos na circulação sanguínea, também produz anticorpos nas mucosas – oral e nasal – onde o vírus penetra. Então, ele vai ser impedido de entrar na célula e, com isso, bloqueamos o vírus na porta de entrada”, concluiu.

    O pesquisador Marco Antonio Stephano fala à CNN
    O pesquisador Marco Antonio Stephano fala à CNN
    Foto: CNN (21.set.2020)

    O método

    Para construir a nova vacina, os pesquisadores da USP colocaram uma proteína do novo coronavírus dentro de uma nanopartícula, criada a partir de um substrato natural. A substância resultante é aplicada em forma de spray nas narinas do paciente.  

    Segundo a equipe que desenvolve a vacina, a expectativa é que o organismo do paciente produza a “IgA secretoram”, um tipo de anticorpo presente na saliva, na lágrima, no colostro, no trato respiratório, no intestino e no útero, que atuaria no combate ao novo coronavírus.

    A nanopartícula criada pelos pesquisadores e utilizada na construção da vacina permite que a substância permaneça na mucosa nasal por até quatro horas, tempo suficiente para ser absorvida e iniciar uma reposta do sistema imunológico. De acordo com a USP, para garantir a imunização, serão necessárias a aplicação de quatro doses – duas em cada narina, com intervalo de 15 dias.

    Versão internacional

    No exterior, versões inaladas de candidatas a vacinas contra Covid-19 da Universidade de Oxford e do Imperial College também serão testadas. O objetivo é entender se elas induzem uma reação imunológica localizada no trato respiratório.

    As vacinas da Oxford e do Imperial College estão sendo usadas em testes com injeção intramuscular, mas cientistas do Imperial disseram que existe a possibilidade de as vacinas via inalação produzirem uma reação mais especializada.

    Chris Chiu, do Departamento de Doenças Infecciosas do Imperial, disse haver indícios de que vacinas contra gripe administradas via spray nasal podem proteger da doença e reduzir sua transmissão.

    “Estamos determinados a explorar se este também pode ser o caso do SARS-CoV-2 [nome do novo coronavírus] e se administrar vacinas contra Covid-19 pelo trato respiratório é seguro e produz uma reação imunológica eficiente”, disse ele em um comunicado.

    (Edição: Leonardo Lellis. Com informações da Agência Brasil e da Reuters)

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