Não deveriam reabrir no mês de maior circulação de vírus, diz Wanderson Oliveira
Ex-secretário do Ministério da Saúde diz que regiões Norte e Nordeste 'têm mais capacidade para fazer algum nível de flexibilização'
O ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, disse em entrevista para a CNN que o processo de reabertura da economia dos estados não deveria estar ocorrendo neste momento do ano, que, segundo ele, é o de maior circulação de vírus respiratórios no Brasil.
“Não faz sentido a reabertura da maneira que estou acompanhando. Sei que estados tentam criar estratégias para graduar o risco por região, no entanto estamos em período que a circulação de vírus respiratórios além da Covid-19 é alta. É um momento que a procura por leitos de UTI aumenta naturalmente”, disse.
Ele afirma que, segundo a sazonalidade do vírus, as regiões Norte e Nordeste “têm mais capacidade para fazer algum nível de flexibilização”, mas que os demais estados estão no momento de maior circulação de vírus respiratórios que não o novo coronavírus.
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Sobre o período em que esteve no Ministério da Saúde durante a pandemia, lembrou que realizou com o ex-ministro Nelson Teich uma estratégia de reabertura da economia que chegou a ser apresentada para o conselho de secretários de Saúde do país, mas que “não teve ambiente para o diálogo.”
Ministério da Saúde
Sobre a atual gestão do Ministério da Saúde, sob comando de Eduardo Pazuello, Oliveira diz que segue as mesmas diretrizes estabelecidas quando ele participava da pasta.
“Não percebi nada de novo em relação àquilo que havíamos proposto. Isso demonstra que outras pessoas dão conta de dar continuidade ao trabalho, que ninguém é insubstituível, e que não fizemos trabalho personificado, mas baseado na ciência.”
Apesar de elogiar a manutenção dos rumos no ministério, Wanderson alerta que as funções da pasta não se limitam ao combate à Covid-19.
“O Ministério da Saúde não é só a Covid-19. Temos outras questões importante que devem ser atentas. Precisamos de uma equipe que conheça a máquina pública para que possamos conviver com o novo coronavírus em um contexto que temos que lidar também com a Aids, sífilis e dengue. Não precisamos apenas de um ministro, mas coordenadores gerais e ocupação de cargos do terceiro e quarto escalão que estão vazios. Tem muita coisa a ser feita”, acrescentou.