Agenda climática do Brasil está muito atrasada, diz engenheira florestal
Em conversa com a CNN, a engenheira florestal Janaina Dallan afirmou que o Brasil precisa mostrar ações concretas no combate às mudanças climáticas
A engenheira florestal e uma das especialistas da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) Janaina Dallan afirmou, em entrevista à CNN nesta quinta-feira (22), que “a agenda climática global do Brasil está muito atrasada em relação a de outros países”.
“Precisamos ver ações concretas para que ações como eliminar o desmatamento na Amazônia aconteçam e, assim, nos encaixarmos nessa agenda novamente”, disse Dallan. “O Brasil precisa retomar essa liderança que sempre teve em negociações climáticas, mostrá-la aos outros países, e realmente agir de modo que comprove essa vontade de retomada”, completou.
Defesa dos mercados de carbono
Na Cúpula de Líderes sobre o Clima, evento organizado pelo governo dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prometeu nesta quinta-feira que o Brasil terá neutralidade climática até 2050 e eliminará o desmatamento ilegal até 2030.
Em seu discurso, Bolsonaro defendeu que os mercados de carbono – que permitem a negociação de crédito no mercado internacional – estão entre as principais fontes de recursos e investimentos para impulsionar ações contra as mudanças climáticas.
Ele disse que também é preciso “haver justa remuneração pelos serviços ambientais prestados por nossos biomas ao planeta” como uma forma de reconhecimento do caráter econômico das atividades de conservação.
O presidente também afirmou ser fundamental a ajuda, inclusive financeira, de países, empresas, entidades e pessoas “dispostos a atuar de maneira imediata, real e construtiva na solução de problemas”.
Para Janaina Dallan, porém, a proposta não é adequada ao momento que vive o planeta. “Não dá mais para falar que alguém deve pagar a conta e é preciso receber dinheiro de uma ação para entrar nessa contabilização. Pela emergência climática, a expressão não cabe mais.”