Remoção de páginas políticas do Facebook não é censura, avalia Marcelo Tas
Jornalista considerou que a atitude da rede social demonstra uma disposição para assumir responsabilidade na disseminação de desinformação
Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (9), o jornalista e apresentador Marcelo Tas falou sobre a importância do combate a fake news e desinformação nas redes sociais. Ele considera que a remoção de páginas políticas no Facebook “não tem nada a ver” com censura.
Segundo comunicado divulgado pela rede social, as investigações envolvem “comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso”.
Segundo a rede social, “grupos de páginas ou pessoas atuam juntas para enganar os outros sobre quem eles são ou sobre o que estão fazendo”. Isso pode ser feito por motivos políticos, ideológicos ou comerciais. De acordo com a empresa, as postagens não precisam ser necessariamente falsas.
“É algo muito grave o que está acontecendo”, classificou Tas. “Vi um debate falando que seria censura do Facebook. Isso não tem nada a ver com censura. É uma rede que manipulava páginas e até fingiam ser jornalistas ou veículos para tornar a informação de má qualidade, que é tudo o que a gente não quer.”
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Tas ainda considerou que a atitude da rede social demonstra uma mudança de postura e disposição para assumir responsabilidade na disseminação de desinformação. “Finalmente o Facebook assumiu uma responsabilidade. É importante olharmos para essa notícia e vermos a diferença que tem em relação a outras vezes que já falamos de fake news”, observou.
“Não se trata agora de apenas fake news. O que foi descoberto foi uma rede de manipulação, de quase uma centena de indivíduos – muitos deles ligados ao governo Bolsonaro – e que faziam uma espécie de coordenação de muitas páginas e grupos que, de uma forma anônima, manipulam informação e faziam ela chegar a milhões de pessoas”, disse.
A ação do Facebook contra o “comportamento inautêntico coordenado” também atingiu outras contas nos EUA, Canadá, Ucrânia e Equador. Trata-se de uma reação da rede social à perda de anunciantes, que têm pressionado o Facebook a tomar medidas concretas para impedir o avanço do que consideram como discursos que incentivam o ódio e a desinformação.
(Edição: Leonardo Lellis)