Prefeitura recorre contra a liminar que suspende aulas presenciais no Rio
Interrupção das atividades escolares preocupam especialistas da saúde e educação
O Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) voltou a se reunir nesta segunda-feira (05) para reavaliar o retorno às aulas presenciais no município, após liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Rio, que suspendeu a liberação dada pelo prefeito Eduardo Paes (DEM).
Segundo o Daniel Becker, pediatra consultado pela prefeitura, os especialistas em saúde que fazem parte do CEEC recomendaram, novamente, o retorno das aulas presenciais na capital.
Diante da avaliação, a Procuradoria Geral do Município (PGM) informou que já peticionou o recurso que “utilizou como argumentos o cumprimento de todos os protocolos sanitários pelas escolas municipais, bem como o aval do comitê científico para o funcionamento das escolas da cidade, sejam elas públicas ou particulares.”
A produção da CNN procurou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) que se posicionou a favor da reabertura das escolas, entretanto, as atividades escolares devem retornar com a garantia das condições adequadas, seguindo protocolos da vigilância em saúde, com monitoramento de casos e contatos.
Apesar das medidas de prevenção, durante o isolamento social, os pediatras alertaram que houve aumento considerável de casos de ansiedade, depressão e estresse entre crianças e adolescentes. Há também uma preocupação com as desigualdades sociais, e riscos importantes para os grupos mais vulneráveis, que só agravam sua situação na ausência das escolas em suas vidas.
![Escolas Escolas](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/2021/06/24162_9BD4B743593554EC.jpg)
O levantamento da ONG “Todos Pela Educação” apontou que a interrupção dos serviços educacionais afetou a vida de mais de 48 milhões de estudantes e 2 milhões de professores. A ONG também destacou os dados da pesquisa realizada pelo Unicef/Ibope (2020), na qual foram entrevistadas 1.516 pessoas distribuídas nas cinco regiões do País, e mostrou o aumento das desigualdades educacionais.
Dentre os entrevistados que são estudantes de escola particular, 94% relataram que realizaram as atividades remotas, enquanto entre os de escola pública o percentual foi de 89%, cinco pontos percentuais a menos. Já o percentual de estudantes que receberam atividades nos cinco dias da semana por classe social, nas classes A e B foi de 83% e 69%, respectivamente, enquanto nas classes C e D/E foi de apenas 58% e 54%, respectivamente.
Entre os estudantes que levam mais de cinco horas por dia em atividades escolares, 30% são da classe A, 13% da classe B e apenas 10% e 3% são, respectivamente, das classes C e D/E.