Maurício Pestana: século XXI cobra preço do racismo estruturado no século XX
Segundo o jornalista e CEO do Fórum Brasil Diverso, apesar da criação de políticas afirmativas, o racismo estrutural ainda não é combatido
Os Estados Unidos vivem nesta terça-feira (2) o oitavo dia de protestos contra o racismo e a violência policial motivados pela morte de George Floyd — um homem negro, asfixiado por um policial branco. Em entrevista à CNN, Maurício Pestana, jornalista e CEO do Fórum Brasil Diverso, disse enxergar os protestos como uma reação das divisões raciais que foram mantidas no século XX.
“O racismo se estruturou no século XX, e agora o século XXI cobra esses erros”, afirmou.
Segundo ele, nem mesmo países que realizaram políticas afirmativas mais incisivas, como os EUA, não conseguiram responder ao problema de racismo estrutural — problema que, para Pestana, “permeia as sociedades americanas e brasileiras.”
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Segundo Pestana, os dois países não são equivalentes, uma vez que nos EUA cerca de 13% da população é negra, enquanto no Brasil este número é de 56%. Ele também diz que as relações raciais na sociedade brasileira são diferentes.
“Há a questão cultural do racismo cordial, que é um fenômeno latino. A forma como se colonizou a América Latina deixou um caldo cultural diferente de países como EUA e África do Sul, que são anglo-saxônicos, mais frios e diretos. Lá, eles deixam os negros terem suas universidades, desde que separados dos brancos. No Brasil, deixam os negros estarem nos mesmo locais dos brancos, mas não ocupando os mesmos postos.”
(Edição: Bernardo Barbosa)