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    O Grande Debate: Atos pró e contra Bolsonaro refletem a divisão do país?

    Thiago Anastácio e Gisele Soares analisaram atos na Avenida Paulista, que terminaram em confronto

    O Grande Debate desta segunda-feira (1º) abordou as manifestações contrárias e favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ocorreram em São Paulo e em Brasília, no domingo (31).

    De um lado, ato da capital paulista reuniu torcidas rivais de times de futebol de São Paulo — Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos —, e integrantes de movimentos sociais contrários a Bolsonaro. Do outro, manifestantes favoráveis ao presidente. Inicialmente pacífico, o protesto teve embate entre os dois gurpos, o que gerou um tumulto, por volta das 13h30.

    No quadro matinal do debate, o mediador, Evandro Cini, questionou os advogados Thiago Anastácio e Gisele Soares sobre as impressões deles em relação aos atos. “Qual o recado dessas últimas manifestações de rua no Brasil? Essa manifestações refletem a divisão do país?”, quis saber. Os dois divergiram. 

    Primeiro a se manifestar, Thiago Anastácio considerou que este é um “momento de país muito complicado” e que “vê com preocupação” que atos possam sofrer grandes catástrofes por conta de um momento de estopim. “Ontem tivemos cenas grotescas. Acho que é necessário que toda manifestação – que é fundamental em uma democracia – seja pacífica. E é preciso deixar claro que todos os atos são democráticos, só não pode haver violência, nem dos manifestantes e nem iniciada pelo poder público”, considerou.

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    Gisele Soares concordou com o colega e acrescentou que “o que é preciso ser contido são os excessos”. “E quem tem que fazer essa contenção é o poder público, ou seja são as polícias. A polícia não é uma força repressora, mas protetora, e precisa agir para isso e garantir que as manifestações sejam pacíficas”, defendeu ela.

    A advogada ainda citou que as manifestações de “pessoas vestidas de verde e amarelo” foram pacíficas nas últimas semanas e só tiveram “confrontos diretos” no ato de organizado por torcidas. 

    Anastácio foi crítico à atuação policial. “Fiquei muito chateado porque a polícia, de fato, é protetiva, mas aos brancos em frente da Fiesp, porque ela é repressiva aos negros na frente do Masp. Ela é protetiva aos riquinhos na frente da Fiesp, e eu poderia tranquilamente me encaixar nesse grupo. Faço a crítica porque quero que os dois lados sejam tratados de forma igual”, criticou o advogado.

    Gisele Soares interrompeu para pontuar que “excessos precisam ser contidos de todos lados”, e Anastácio acrescentou: “Mas, Gisele, excesso numa situação normal é uma coisa. Quando falamos de multidão, o excesso só pode ser analisado pelo estopim e o estopim é muito claro”, defendeu ele, que apontou a presença da bandeira interpretada como símbolo nazista no ato.

    A advogada destacou: “A PM tem uma atuação única. O que muda são os comportamentos provocativos de uns e de outros manifestantes, pouco importando qual bandeira eles levantam. Então é preciso que sejam contidos excessos”. e quetionou a afirmação de Thiago sobre o comportamento diferente da polícia entre na abordagem aos dois grupos. “Não me agrada muito essa dicotomia de que pessoas brancas estariam se manifestando de um lado e pessoas negras de outro”. Thiago rebateu: “É só ver o vídeo, Gisele”.

    Ela seguiu: “Houve realmente uma divisão de cores, que é muito simbólica, mas nas imagens que eu vi foram justamente sete finais de semana com idosos, crianças, mulheres e homens vestidos de verde e amarelo com bandeiras e sem intercorrência policial, enquanto, ontem, foi uma manifestação organizada por torcidas de futebol, que já foram objeto de termo de ajustamento de conduta por serem consideradas nocivas à sociedade porque incitam a violência”, acrescentou.

    Sobre a bandeira levada por alguns integrantes do grupo apoiador do presidente, à CNN, o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, negou que pertença a grupos neonazistas.

    Considerações finais

    Em suas considerações finais, Gisele Soares ponderou que o país vive “um momento ruim que não é exclusividade do Brasil” e pediu que não sejam cometidos excessos. “O mundo inteiro viu nesse final de semana muitas manifestações exaltadas e com violência. Nosso dever de cidadãos é fazermos uma análise crítica dessas situações e compreendermos que estávamos, no mundo inteiro, confinados há 70, 80, 90 dias e que, agora, retomamos nossa liberdade e que é preciso que o exerício disso seja feito com muita responsabilidade e parcimônia”, avaliou.

    “Nós precisamos aprender com os contrários porque também a manifestação contrária é muito importante. O que não se pode admitir é a violência. Vamos preservar a nossa liberdade de manifestação pacífica para que possamos mostrar juntos aos nossos governantes que o poder é nosso, do povo, e não deles”, finalizou.

    Thiago Anastácio analisou que “a ultradireita tomou o poder e é tão abominável quanto a ultraesquerda” e que o debate saudável não envolve diálogo com pessoas que defendem ideias racistas, antissemitas homofóbicos e misóginos.

    “Com essas pessoas não há diálogo, só existe a lei penal e o silêncio que ela impõe a elas. Essas pessoas não têm o direito de proclamar nas ruas que são favoráveis à morte de judeus, tratatamento não igualitário de negros, mulheres e homossexuais. Então vou deixar bem claro, a democracia tem um limite. O limite da lei”, finalizou.

     
    Ouça a íntegra de O Grande Debate:
     

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