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    ‘Volta às aulas deve ser baseada em protocolos epidemiológicos’, avalia pediatra

    Falta de consenso no tema divide profissionais, autoridades e Justiça; vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria defende estudos científicos

    A volta às aulas ainda divide opiniões em diversas cidades do país. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a retomada ainda não aconteceu devido ao impasse que levanta a discussão entre a população, os governos estaduais, autoridades e Justiça. 

    Em entrevista à CNN, na manhã desta segunda-feira (14), Clóvis Francisco Constantino, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirmou que a volta às escolas deve ser feita baseada em dados científicos e protocolos epidemiológicos. 

    “Na realidade este é um problema muito instável, a própria pandemia é extremamente instável. O que se lamenta é que atitudes tão importantes como a volta, ou não, às aulas, se dê por meio de decisões judiciais ou políticas e não por contingência técnico epidemiológico. Essa tomada de decisão não tem absolutamente nada a ver com decisões jurídicas ou políticas. Ela deve ser baseada em um protocolo epidemiológico que ainda não está muito bem estabelecido”, avalia.

    O especialista criticou ainda a falta de centralização do combate à pandemia do novo coronavírus no país. Segundo ele, há uma falta de liderança nacional no enfrentamento da pandemia.

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     Clóvis Francisco Constantino - Vice presidente da Sociedade Brasileira de Pedia
    Clóvis Francisco Constantino, vice presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
    Foto: CNN/Reprodução (14.set.2020)

    “Nós temos um problema muito importante em nosso país. Não há uma liderança nacional que esteja levando ao nosso controle a pandemia. E os estados e municípios agem de acordo com a sua contingência epidemiológica. Portanto, não há um consenso. O que se sabe é que o ambiente escolar faz muita falta para as crianças, principalmente na atenção básica”

    E acrescenta: “A escola é um ambiente extremamente importante e responsável. A educação é constitucional e estes ambientes têm que estar sendo muito bem preparados. Se o ambiente estiver preparado, os funcionários e pais cientes dos protocolos, a possibilidade de ter uma escolha dos pais poderem levar os filhos, ou não, e o rodízio entre as crianças, isso é fundamental. O que não se aceita é que a tomada de decisão não seja por medida técnica epidemiológica e científica”.

    Na avalição de Constantino, a demora para a reabertura segura das escolas está impactando diretamente no comportamento das crianças e adolescentes. De acordo um levantamento realizado pela SBP, crianças estão apresentando sinais de estresse devido ao isolamento social.

    “Nós fizemos uma pesquisa e verificamos que as crianças têm tido alterações de comportamento. As crianças estão sob estresse por ficarem em casa. Isto é uma realidade”, afirmou.

    O médico ainda alerta para os riscos de infecção pelos pequenos e a necessidade de atenção. “As crianças, no ponto de visto da infecção, se forem infectadas, têm sintomas muito diversos ou até são assintomáticas. Então, se houver a volta às aulas com base em dados científicos, será necessária uma vigilância muito grande neste aspecto. As crianças que começarem a ter sintomas dentro da escola, elas têm que se afastar imediatamente”, finaliza.

    (Edição: André Rigue)

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