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    Vazamento vai me fortalecer na direita, diz presidente da Fundação Palmares

    Em gravação divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Sérgio Camargo se referiu ao movimento negro como "escória maldita"

    Julliana Lopes, da CNN em Brasília

    O presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, afirmou à CNN nesta quarta-feira (3) que vai consultar a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o vazamento da gravação uma reunião da instituição no dia 30 de abril. Na gravação, divulgada nesta terça-feira (2) pelo jornal O Estado de S.Paulo, Camargo se referiu ao movimento negro como “escória maldita”, hostilizou a figura de Zumbi dos Palmares e propôs o fim do Dia da Consciência Negra.

    À CNN, Camargo afirmou que o registro do encontro é ilegal e que pode ter partido de “funcionários vinculados a grupos da esquerda” que trabalham na instituição.

    “O vazamento vai me fortalecer na direita, assim como o vídeo da reunião ministerial do Bolsonaro o engrandeceu. Mostra que sou autêntico e verdadeiro. Descobrirei quem é o espião e vou exonerá-lo da Palmares”, afirmou.

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    Ofensas

    Na reunião — a portas fechadas com assessores — o presidente da Palmares também hostiliza Adna Santos, conhecida como Mãe Baiana, líder religiosa do candomblé e Coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa no Distrito Federal. Entre outros xingamentos, o presidente da Palmares se referiu a Mãe Baiana como “macumbeira” e a responsabilizou por vazamento de informações da instituição.

    Na manhã desta terça-feira, Adna Santos registrou ocorrência na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial do Distrito Federal.

    Reações

    O Coletivo de Mulheres de Axé do Distrito Federal defendeu a mãe de santo e repudiou as declarações do presidente da Fundação Palmares. Para o grupo, as falas “configuram atos de racismo e intolerância religiosa contra as comunidades tradicionais de matriz africana”. Em nota, o coletivo exigiu retratação.

    “O Estado é laico e nossa ancestralidade, que habita este solo brasileiro e faz parte da religiosidade de muitas e muitos, merece proteção e respeito de todos os representantes do Estado”, reforça a nota divulgada pelo coletivo.

    A Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) também apresentou uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente da Fundação Cultural Palmares por crime de racismo. Na ação, a Educafro alega que as falas de Camargo ferem o artigo 20 da Constituição, que veda “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

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