O Grande Debate: Trump acusa OMS para desviar foco da crise da COVID-19 nos EUA?
Os debatedores ainda falaram sobre a postura Brasil com Estados Unidos diante do confisco de equipamentos importados da China
O Grande Debate desta quinta-feira (9) discutiu a crise do coronavírus do ponto de vista da política internacional. Aos debatedores, o advogado Thiago Anastácio e para a economista Renata Barreto, foi feita a seguinte pergunta: as acusações do presidente norte-americano Donald Trump contra a Organização Mundial da Saúde (OMS) são um jeito de desviar a atenção da crise da COVID-19?
Os participantes ainda abordaram a postura do Brasil diante da perda de insumos importados da China e falaram sobre o novo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro.
O mediador, Reinaldo Gottino, contextualizou os debatedores sobre a questão de Trump. “O presidente dos Estados Unidos diz que suspenderá contribuição financeira dos país à OMS, acusando a organização de proteger a China e de mal desempenho no combate à pandemia”, disse. E lançou: “Desvio de foco ou é pertinente a irritação de Trump?”.
Para Thiago Anastácio, o discurso de Trump tem base em ataques à OMS, que, algumas vezes, se voltam contra ele. “Ele está, de forma espelhada, jogando para OMS algo de que ele será acusado politicamente dentro dos EUA. É uma metodologia dessas lideranças de astrólogos que temos por aí”, ironizou o advogado, fazendo referência ao escritor Olavo de Carvalho, associado diretamente ao bolsonarismo.
Thiago ainda citou que “a OMS trabalha com o que a China passa para ela”. “Então é óbvio que a OMS está trilhando um caminho de busca de conhecimento. As informações estão chegando e os indicativos são feitos ao longo deste tempo”, defendeu.
Já a economista Renata Barreto disse “não saber se a OMS está sendo maquiavélica, mas [acredita] que ajudou a suprimir as informações”. “A gente sabe que a China e a OMS já sabiam que existia coronavírus nos animais que os chineses são acostumados a comer”, citou a economista.
Para ela, a organização erra ao elogiar a conduta chinesa no repasse de informações. “A OMS tem falado que a China é um exemplo, em vez de falar a realidade, que eles já sabem, desde 2007, que o coronavírus era um perigo”, afirmou. “
Gottino voltou a entrar no debate para observar a indignação do advogado com as declarações da economista. Ele negou estar indignado e disse: “É de não concordar com o argumento por uma razão muito simples. Vejam só como é a ausência de conhecimento”, afirmou Thiago.
Argumentos finais
Em seus argumentos finais, Renata voltou a citar as lições que podem ser tiradas da crise do novo coronavírus. “Oportunidades são geradas na crise, e a gente tem a oportunidade de verificar que o Brasil está muito atrás nas relações comerciais, questões trabalhistas, além de também em como devemos nos portar diante das organizações supranacionais”, fechou ela.
Thiago, por sua vez, finalizou dizendo que “temos que pegar algo para nos ensinar sobre o futuro”. “Eu não gosto dessa postura de fecharmos em fotografias as análises. A ONU fez isso, a OMS fez aquilo. Sem dúvidas, nós temos problemas. [Mas] precisamos saber para que possamos passar para as pessoas o conhecimento”, afirmou.
Assista ao debate, na íntegra, no vídeo acima.