Babá relata pelo menos três episódios em que Henry pode ter sido agredido
Em novo depoimento, funcionária disse que mentiu a mando da mãe da criança e por medo
A babá de Henry Borel de Medeiros, Thayná de Oliveira, informou à Polícia Civil que percebeu três situações anormais envolvendo o vereador Dr. Jairinho com relação ao menino de 4 anos, em novo depoimento prestado nesta segunda-feira (12).
A primeira teria sido em 2 de fevereiro. A mãe da criança, Monique Medeiros, tinha saído de casa. Jairinho teria ido, segundo o depoimento prestado, ao quarto onde o garoto estava com a funcionária e dito que o menino era “mimado”.
As informações estão no Termo de Declaração da babá, obtido pela CNN. O vereador chamou a criança para conversar no quarto do casal, à portas fechadas. Os dois, segundo o depoimento, permaneceram no local por cerca de 30 minutos.
A babá afirmou que não ouviu nenhum barulho neste momento. Quando perguntou ao menino que havia acontecido, Henry disse que “tinha esquecido, que estava com soninho”. Mesmo assim, a funcionária contou que relatou à Monique o ocorrido, e ela respondeu que iria verificar.
Naquele dia, o menino foi para a escola e, quando voltou, foi com a babá para a brinquedoteca. Ele não quis brincar com as outras crianças e disse que estava com dor no joelho. Thayná disse que, naquele momento, não estabeleceu qualquer ligação entre o comportamento do menino e o episódio de mais cedo quando Henry e o vereador ficaram sozinhos no quarto.
Já em 12 de fevereiro, também com Monique fora de casa, o menino foi até Jairinho e deu um abraço no vereador assim que ele chegou. Logo em seguida, o político foi para o quarto do casal e chamou Henry, dizendo: “vem aqui que vou te mostrar um negócio que comprei”.
Na sequência, a babá contou que ouviu a criança chamá-la. Mas, quando se dirigiu até o quarto, a porta estava fechada e a televisão em alto volume. Segundo ela, nenhum dos dois respondeu. Os dois ficaram no cômodo por dez minutos.
A troca de mensagens entre Thayná e a Monique tornada pública foi referente a esse episódio e a babá admitiu que as comunicações eram verdadeiras. Depois de sair do quarto, Henry contou à babá que tinha sido agredido por Jairinho. O menino teria relatado ainda que o vereador sempre fazia isso.
A funcionária contou ainda que chegou a fazer uma chamada de vídeo para a Monique para que a criança relatasse a agressão, o que teria se confirmado. Pouco mais tarde, o vereador “voltou ao apartamento, visivelmente exaltado”, segundo relata o Termo de Declaração, e brigou com o menino.
Na última semana de fevereiro, pela terceira vez, Jairinho teria levado Henry para o quarto do casal, por três minutos. A criança deixou o cômodo relatando dor de cabeça e afirmando que tinha caído da cama.
Babá se sentiu intimidada
Thayná relatou ainda ter mentido no primeiro depoimento porque se sentiu intimidada. Ela conta que Monique pediu que não contasse nada sobre as agressões e que apagasse as mensagens que trocaram.
Thayná revelou, também, que integrantes da família de Jairinho e de Monique sabiam das supostas agressões. E que o casal costumava brigar com frequência. Segundo ela, os desentendimentos eram a portas fechadas ou por telefone, nunca na frente dos funcionários.
Procurado pela CNN, o advogado de Dr. Jairinho, André França Barreto, alegou que não tivera acesso ao depoimento de Thayná e que, portanto, não poderia se manifestar sobre o assunto.
Especificamente sobre as agressões citadas e sobre Henry ter medo do vereador, França Barreto destacou que precisaria ainda, depois ler o depoimento, conversar com o cliente.