O Grande Debate: Bolsonaro faz piada sobre uso da cloroquina
Gisele Soares e Thiago Anastácio também falaram sobre os requisitos necessários para o novo ministro da Saúde na pandemia da Covid-19
O Grande Debate da manhã desta quarta-feira (20) abordou o comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizando a eventual recusa de pacientes pelo uso da cloroquina como tratamento contra a Covid-19. “Quem é de direita, toma cloroquina. Quem é de esquerda, toma Tubaína”, disse ele durante uma live na terça-feira (19).
O mediador da edição matinal do quadro, Reinaldo Gottino, perguntou aos debatedores, Thiago Anastácio e Gisele Soares,: “O presidente não erra ao fazer uma piada, um trocadilho com a Tubaína, no dia em que o Brasil ultrapassa o registro de mil mortos?”.
Leia também:
‘Dias difíceis’: Bolsonaro lamenta mortes e afirma que novo protocolo sai hoje
Venda de cloroquina continua a crescer nas farmácias brasileiras em abril
Gisele Soares classificou que a declaração faz parte da “característica do presidente de ser muito espirituoso e espontâneo”. “As falas dele são espontâneas e recebidas como infelizes em alguns momentos, assim como [o presidente dos Estados Unidos] Donald Trump faz, e os ex-presidentes Lula e Dilma [Rousseff] faziam”, comparou. “Isso faz parte. Eles não foram eleitos porque dominavam a oratória, mas pelos programas de governo”, acrescentou.
Thiago Anastácio considerou que as falas de Bolsonaro evidenciam que ele precisa passar por exames de sanidade mental. “Vou fazer uma colocação que não é para ser engraçada. De fato, eu estou preocupado pelo viés psiquiátrico do presidente. Não é possível que uma pessoa que esteja na sua melhor condição mental faça uma live descontraída, afirmando isso e cheia de risadinhas num dia em que morreram 1,2 mil pessoas”, afirmou. “Estamos falando do presidente da República. Existem indicativos de um mal-estar mental em alguém que faz isso”, completou.
Médico ou gestor para ministro?
O Debate Novo Dia também abordou os elogios feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, que vai assinar hoje o novo protocolo para ampliar a recomendação do uso da cloroquina por pacientes da Covid-19 – mesmo sem comprovação científica de eficácia do medicamento nesses casos.
O mediador, Reinaldo Gottino, lançou uma reflexão sobre isso aos advogados Gisele Soares e Thiago Anastácio. “Para o cargo de ministro da Saúde, neste momento de pandemia, devemos ter um técnico ou um gestor? Um médico ou um administrador?”, perguntou ele, que acrescentou: “Nem sempre na história do país nós tivemos um médico nesse cargo e agora temos essa possibilidade novamente”.
Leia também:
Mortes esperando teste para Covid-19 chegam ao maior número em pandemia
Brasil registra 1.179 mortes por Covid-19, recorde para um único dia
Thiago Anastácio considerou os diferentes momentos de país para essa escolha. “São coisas muito diferentes: o passado muito recente do Brasil com o momento de pandemia que vivemos agora. Uma pessoa com qualidades técnicas em questões médicas tem capacidade de maior compreensão do todo e maior velocidade para compreender e estimular diretrizes”, avaliou.
Gisele Soares defendeu que o momento pede alguém com qualidades médicas e de gestão à frente da pasta. “É importante que tenhamos os dois. É um momento absolutamente excepcional e precisamos de todas as forças possíveis ali – da ciência e da logística”, afirmou. “Mantido o general Pazuello, a melhor solução seria que ele fosse acompanhado por uma equipe médica que pudesse trazer esses conhecimentos técnicos próprios da saúde e da ciência, e não só do novo coronavírus”, acrescentou.