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    Déficit em transações correntes em 12 meses cai ao menor patamar em dois anos

    Para setembro, o Banco Central projetou um novo superávit em transações correntes de US$ 3,7 bilhões e IDP de US$ 2 bilhões

    Marcela Ayres, , da Reuters

    O Brasil registrou superávit em transações correntes pelo quinto mês seguido em agosto, de US$ 3,721 bilhões, levando o déficit em 12 meses a cair a 1,64% do Produto Interno Bruto (PIB), menor patamar desde junho de 2018 (-1,50%).

    O resultado do mês, divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Banco Central, veio melhor do que o superávit de US$ 2,45 bilhões esperado por analistas em pesquisa Reuters.

    Já os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram US$ 1,43 bilhão em agosto, ante expectativa de US$ 1,35 bilhão.

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    Para setembro, o BC projetou um novo superávit em transações correntes de US$ 3,7 bilhões e IDP de US$ 2 bilhões.

    Em nota, o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos avaliou que, no geral, a dinâmica de curto prazo para as transações correntes é favorável, considerando que o IDP no acumulado nos 12 meses até agosto somou 3,51% do PIB.

    “Mas um ajuste fiscal profundo que elevaria a poupança do setor público é fundamental para facilitar um ajuste estrutural permanente em conta corrente, em vez de apenas um ajuste cíclico impulsionado pela fraca demanda doméstica”, acrescentou.

    Na comparação com o ano passado, a pandemia de coronavírus tem feito o Brasil registrar melhores dados no saldo da balança comercial, com as importações sofrendo um baque mais forte que as exportações.

    Ao mesmo tempo, tem havido diminuição nos déficits nas contas de renda primária e de serviços, profundamente afetadas pelos impactos da crise com o surto de Covid-19 na economia. A soma desses fatores tem guiado a melhoria nas contas externas.

    Em agosto, especificamente, a balança comercial ficou positiva em 5,960 bilhões de dólares, contra superávit de US$ 3,552 bilhões um ano antes.

    Dentro da rubrica de renda primária, as remessas de lucros e dividendos para o exterior foram de apenas US$ 276 milhões em agosto, sobre US$ 3,339 bilhões em igual mês do ano passado.

    Já na conta de serviços, as despesas líquidas com viagens internacionais somaram US$ 123 milhões em agosto deste ano sobre US$ 842 milhões um ano antes, ainda afetadas pelos impactos da pandemia no setor. Para 2020, a expectativa do BC era de um déficit em transações correntes de US$ 13,9 bilhões em 2020, estimativa que será atualizada nesta quinta-feira com a publicação do seu Relatório Trimestral de Inflação.

    Investimentos positivos

    Em agosto, os investimentos em portfólio no mercado doméstico brasileiro ficaram positivos em 2,345 bilhões de dólares, sendo US$ 2,045 bilhões em títulos de dívida e US$ 300 milhões em ações e fundos de investimento.

    Dados parciais do BC até o dia 18 mostram entrada de US$ 472 milhões em setembro, com o dado positivo de US$ 1,065 bilhão em títulos de dívida compensando a saída de US$ 592 milhões em ações e fundos de investimento.

    “Aparentemente aquele período mais agudo de saída dos investimentos de portfólio se encerrou. A gente já tem junho, julho e agosto com ingressos, recompondo parcialmente aquela saída, e em setembro a gente tem um cenário mais ou menos equilibrado”, disse o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

    No acumulado de 2020, contudo, a retirada ainda é expressiva: US$ 28,281 bilhões, sendo US$ 8,794 bilhões em títulos de dívida e US$ 19,487 bilhões em ações e fundos de investimento.

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