Copom: mesmo com piora da pandemia, crise econômica deve ser menos profunda
Para o Comitê, o segundo semestre do ano pode mostrar uma retomada robusta da atividade
O impacto do recrudescimento da pandemia na atividade econômica em 2021 deve ser menos profundo do que o observado no ano passado. É o que avalia o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na ata de sua 237ª reunião, publicada nesta terça-feira (23).
“Uma possível reversão econômica devido ao agravamento da pandemia seria bem menos profunda do que a observada no ano passado, e provavelmente seria seguida por outra recuperação rápida”, diz o documento.
Para o Comitê, o segundo semestre do ano pode mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.
Os membros do Copom observaram também que no início deste ano, os dados disponíveis ainda não contemplam os possíveis efeitos do recente e agudo aumento no número de casos de Covid-19. “Assim, há bastante incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia no primeiro e segundo trimestres deste ano”.
Sobre o desempenho econômico do ano passado, o comitê considerou que, apesar da redução parcial dos programas emergenciais no final de 2020, a retomada econômica surpreendeu positivamente.
Inflação
Para elevar a taxa básica de juros, a Selic, a 2,75% ao ano na última reunião, o Copom levou em conta o ritmo forte de crescimento econômico e a alta nas expectativas da inflação, que passaram a ficar acima do centro da meta inflacionária, apesar de ainda dentro do limite.
Alguns membros do Copom ainda consideraram que as pressões sobre preços em 2021 podem contaminar as expectativas para 2022.
“Consequentemente, os membros do Copom concluíram que o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário e que o Copom deveria iniciar um processo de normalização parcial da taxa de juros”.
Para o Comitê, apesar da recente aprovação de reformas importantes, os riscos fiscais de curto prazo seguem elevados em razão do agravamento da pandemia, implicando um viés de alta nas projeções para inflação. Essa é a justificativa para um ajuste superior ao esperado na taxa de juros.
“Esse ajuste mais célere do grau de estímulo é compatível com o cumprimento da meta no horizonte relevante mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social”, esclarece.
O Copom deixou ainda uma sinalização de que a próxima reunião pode trazer um novo ajuste da mesma magnitude. Com isso, a taxa iria para 3,5% ao ano.
No entanto, essa visão pode ser alterada caso haja mudanças significativas nas projeções de inflação ou no balanço de riscos. Afinal, apesar da pressão inflacionária de curto prazo estar mais forte e persistente que o esperado, o Comitê manteve o diagnóstico de que os choques atuais são temporários.