Família afirma que 28 policiais vasculharam carro no dia em que Heloísa foi baleada
Em depoimento ao MPF, tia da menina contou que um dos agentes chegou a mostrar um projétil encontrado no veículo; fato é apontado pela investigação como intimidação
Ao menos 28 policiais rodoviários federais vasculharam o carro em que estava Heloísa da Silva, de 3 anos, baleada e morta após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Baixada Fluminense.
De acordo com pedido de prisão formulado pelo Ministério Público Federal (MPF), após a criança ser atingida, os agentes se dirigiram ao hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, e “ficaram vasculhando e mexendo no carro durante certo tempo”, segundo a testemunha, tia de Heloísa.
Ainda de acordo com o documento, a tia de Heloísa relatou que um dos policiais que não participou do ocorrido apontou-lhe um projétil, e disse que aquele projétil teria atingido o veículo deles.
O fato, segundo o procurador da República Eduardo Benones, representou uma “tentativa inequívoca de intimidar a testemunha e incutir nela a versão sustentada pelos policiais. Isto tudo ocorreu no ambiente hospitalar, quando a vítima Heloísa recebia atendimento médico cirúrgico”.
Em nota, a PRF afirmou que os agentes envolvidos na ocorrência foram afastados de suas atividades operacionais. O órgão informou, ainda, que tem colaborado com o Ministério Público Federal e com a polícia judiciária.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal “medidas internas preventivas e disciplinares estão sendo reforçadas”.
Na última sexta-feira (15), o MPF pediu a prisão preventiva dos três agentes da PRF que participaram da abordagem. De acordo com a investigação, eles assumiram o risco de matar a criança.
Relembre o caso
Heloísa da Silva, de 3 anos, morreu no último sábado (16), no Hospital Adão Pereira Nunes após sofrer uma parada cardiorrespiratória. A garota foi baleada na cabeça no dia 7 de setembro por um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), enquanto estava dentro do carro da família no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense.
A família voltava de carro para Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.
O pai da criança disse que percebeu estar sendo seguido por uma viatura da PRF e, quando estava quase parando o carro de maneira voluntária, os policiais teriam começado uma série de disparos que atingiram Heloísa na cabeça.
Os tiros foram efetuados pelo policial Fabiano Menacho, que afirmou em depoimento ter disparado após ouvir um som similar ao de um tiro.
De acordo com a PRF, o carro em que a menina e a família se encontravam tinha um registro de roubo realizado em agosto do ano passado. O motorista, pai da criança, disse ter comprado o carro sem saber deste registro.
“É comum pessoas comprarem carros assim e não saberem, por motivos variados, até desconhecimento mesmo. Parece ter sido o caso”, afirmou o inspetor da PRF no Rio de Janeiro.
A CNN ainda não conseguiu localizar a defesa dos três agentes da PRF.