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    Jogo tem cartas digitais de astros do futebol que custam até R$ 615 mil; conheça

    Plataforma Sorare tem parcerias de licenciamento com mais de 100 times, incluindo potências como Real Madrid, PSG e Juventus

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O mercado de colecionáveis não para de inventar moda, e lucrar em cima disso. Dados da consultoria IBISWorld mostram que o segmento movimentou mais de US$ 1,5 bilhão em 2020 apenas nos EUA, entre cartas de Pokémon, gibis, documentos históricos e artigos esportivos, para citar algumas categorias. 

    Destes, o setor esportivo é um dos mais tradicionais. Jovens (ou nem tanto) colecionam itens como álbuns, cartas, autógrafos, bolas e camisas dos seus ídolos há décadas, lastreando o valor das peças de memorabilia à performance dos atletas nas modalidades em que competem.

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    Só para citar dois exemplos, uma carta de 2003 do astro de basquete LeBron James (autografada pelo próprio) foi vendida por US$ 1,8 milhão durante leilão em julho do ano passado. Já Mike Trout, lenda do beisebol, viu uma de suas cartas mais antigas ser vendida por US$ 3,93 milhões. Ou seja, é um mercado que por si só já carrega um potencial enorme.

    Mas a startup francesa Sorare, criada em 2018, está tentando catapultar o segmento para outro nível, apostando em cartas digitais com registro em blockchain e possibilidade de utilização em várias plataformas. Foi lá que uma carta do jogador Kylian Mbappé, companheiro de Neymar no PSG, foi vendida por 55 mil euros (cerca de R$ 364 mil) em dezembro.

    Funciona assim: a companhia faz parceria com clubes de futebol (já são mais de 100) e licencia cartas digitais dos jogadores daquela equipe diretamente em Ethereum, plataforma que executa contratos usando blockchain.

    “O diferencial das cartas é que, apesar de digitais, elas são limitadas, licenciadas e portáteis”, diz Nicolas Julia, CEO da Sorare. “Também é bom para os clubes, já que esse tipo de licenciamento em blockchain é inédito, além de permitir que eles engajem suas marcas com um público jovem e gamer.”

    O jogo

    Por falar em gamers, a plataforma tem uma segunda faceta igualmente popular para engajar os cerca de 30 mil colecionadores ativos. As cartas compradas no site podem ser utilizadas no fantasy game da Sorare, o SO5, que funciona de forma semelhante ao brasileiro “Cartola”.    

    Cada jogador seleciona cinco cards para formar uma equipe, precisando ter obrigatoriamente um goleiro, um defensor, um meia e um atacante. Os times são posicionados em divisões conforme o nível das cartas e disputam campeonatos semanais. Ganham as equipes em que os atletas tiverem as melhores performances na vida real.

    Isso é, se um jogador tem uma carta do Cristiano Ronaldo e ele marca dois gols no jogo da Juventus daquela semana, ótimo. Agora, se tem o goleiro Alisson no time e ele toma três gols e é expulso na partida do Liverpool, aí provavelmente azedou. Ao final de cada torneio, a performance das cinco cartas é somada para chegar à pontuação final.

    Os prêmios são pagos em Ether, a criptomoeda utilizada no Ethereum, ou cartas do próprio jogo.

    O mercado

    Para explicar o mercado, é preciso detalhar um pouco mais o processo de criação das cartas. Elas são desenvolvidas no início de cada temporada, a partir dos contratos de licenciamento com os times, e são divididas em quatro categorias: únicas (1 cópia), super raras (10 cópias), raras (100 cópias) e comuns (grátis e ilimitadas).

    O que quer dizer que, se eu tiver uma carta única do Manuel Neuer da temporada 2020-2021, ninguém vai ter igual (as cartas das temporadas anteriores também podem ser utilizadas). Mas, para ter esse card, é preciso comprá-lo no leilão inicial ou de um dono disposto a vendê-lo. 

    A oferta inicial dos cards, que é onde a Sorare e os times fazem dinheiro, começa sempre em 5 euros (cerca de R$ 33). Os jogadores ativos participam, então, de um leilão por tempo limitado, até alguém finalmente arrematar o item em disputa. Neste momento, já é feita a transação do produto no Ethereum.

    Se o objetivo é se desfazer de uma carta, o mercado secundário funciona de forma intuitiva. O vendedor lista o produto no site pelo preço que acha justo e espera que apareça um comprador. Não há intermediação ou taxas no processo. A carta mais cara disponível para compra é do meia português Bruno Fernandes, do Manchester United, pela bagatela de 93 mil euros (cerca de R$ 615 mil).

    Questionado sobre a capacidade de crescimento e sustentabilidade do mercado, Nicolas afirma que o grande objetivo da marca é fazer parcerias com outras desenvolvedoras de jogos para que as cartas passem a ter um ecossistema próprio. A gigante do setor Ubisoft está apoiando a Sorare na empreitada.

    “Nós já temos parcerias com estúdios menores, que estão produzindo games ao redor dos nossos cards”, diz. “Também estamos trabalhando para anunciar, em breve, projetos juntamente com grandes desenvolvedoras. As cartas vão ganhar mais valor conforme elas forem mais utilizadas.”

    Com jogadores de 90 países (inclusive o Brasil) e uma média de quase US$ 2 milhões transacionados por mês, ele diz que o site gera lucro desde fevereiro de 2020, sem citar valores. Seu outro grande objetivo é aumentar o número de clubes licenciados e garante que teremos equipes brasileiras no servidor em breve.

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