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    Heleno diz que governo ainda não teve tempo de cuidar da Amazônia e do Pantanal

    Os dois biomas sofrem com o aumento de queimadas desde o início do mandato de Bolsonaro, o que desencadeou uma pressão internacional sobre o país

    O ministro Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou neste sábado (3) que o governo Jair Bolsonaro (sem partido), após um ano e nove meses de gestão, ainda “não teve tempo” de cuidar da Amazônia e do Pantanal. Os dois biomas sofrem com o aumento de queimadas desde o início do mandato de Bolsonaro, o que desencadeou uma pressão internacional sobre o país. Heleno também disse que a floresta tropical amazônica suporta “maus tratos”.

    “Nós sabemos exatamente o que temos que fazer na Amazônia brasileira e no Pantanal, só que não houve tempo ainda de colocar em prática, de colocar gente para fazer isso”, declarou Heleno, ao comentar cobranças estrangeiras para que o Brasil cuide melhor das matas nativas. 

    “Podemos melhorar a vigilância do desmatamento da Amazônia? Podemos, claro, devemos fazer isso. Mas é o que eu digo, o governo Jair Bolsonaro tem um ano e nove meses, não há como resolver todos os problemas do Brasil. Passamos 40 anos tendo uma gestão catastrófica de nossos recursos, inclusive os recursos naturais”, afirmou ele.

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    Os comentários de Heleno foram feitos durante uma conversa gravada dele com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no canal do Youtube do parlamentar. “A Amazônia consegue suportar até os maus tratos que sofreu”, destacou o ministro.

    Resposta a críticas

    Para reagir às críticas internacionais de governos, ambientalistas e empresas, Bolsonaro tem usado na Organização das Nações Unidas (ONU) o argumento de que a floresta amazônica é úmida e, portanto, “não pega fogo”.

    “Nós temos 80% da cobertura florestal da Amazônia preservada. A Europa tinha 7%, hoje tem 0,1%. Mas agora ganharam a condição de nos criticar diariamente, nós somos os ‘grandes vilões’ do meio ambiente no mundo. Mas a América do Sul, graças ao Brasil, hoje reúne 41% das florestas tropicais do planeta. Nós aceitamos as críticas, sabemos que podemos melhorar e vamos melhorar”, disse Heleno.

    O ministro ignorou mudanças na legislação e na política ambiental lideradas pelo Ministério do Meio Ambiente, como o corte de verbas para brigadas florestais. O Ministério Público Federal pediu à Justiça que o ministro Ricardo Salles seja afastado do cargo em razão do desmonte nas ações de preservação.

    O governo Bolsonaro tomou a decisão de centralizar no vice-presidente Hamilton Mourão, ex-comandante de brigadas na Amazônia e presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, as operações ambientais. O orçamento anunciado para a Operação Verde Brasil é de R$ 60 milhões.

    Atraso no combate às chamas

    Heleno disse ainda que as áreas de selva têm poucos habitantes e eleitores. “Durante muito tempo foi considerado não compensador tratar da Amazônia com a seriedade que merece”, afirmou. Segundo ele, tudo na Amazônia é “muito caro” pelas distâncias, falta de infraestrutura e meios de transporte.

    O ministro citou que Mourão fez uma “autocrítica sensacional” ao reconhecer que a Operação Verde Brasil deveria ter sido mantida desde 2019, em vez de interrompida e retomada, o que atrasou o combate às chamas. Agora, Mourão quer estendê-la até 2022. “Esse erro não será repetido. Então, podem esperar resultados muito melhores em 2021 com relação à Amazônia”, declarou.

    “Agora, gente fora do Brasil que não tem moral para nos criticar que acabou com suas florestas, criticar com a veemência que critica, querer nos colocar como vilões do meio ambiente, não dá para aceitar”, disse Heleno.

    Eduardo Bolsonaro afirmou que até o encontro do G-20 em 2019, no Japão, tudo parecia bem no plano internacional. Ele citou o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos principais críticos da política ambiental bolsonarista, como um dos que mudou a postura. Em razão do descontrole nos incêndios, Macron se opôs ao acordo comercial da União Europeia com Mercosul.

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