Quadrilha que desviava pacotes dos Correios escolhia itens mais valiosos, diz PF
Esquema pode ter desviado até R$ 1 milhão em mercadorias
Notebooks, celulares e até bicicletas de fibra de carbono: essas eram as principais encomendas que, segundo a Polícia Federal, eram desviadas dos Correios por um grupo criminoso desarticulado pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
“As encomendas de maior valor vêm com as notas fiscais do lado de fora. Produtos como notebooks e celulares, portanto, já tinham o preço de fácil acesso nas próprias embalagens, o que facilitava a escolha”, afirmou o delegado da PF, Hylton Coelho, que conduziu as investigações.
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Os detalhes de um esquema que pode ter desviado R$ 1 milhão dos Correios, entre 2018 e 2020, foram repassados à imprensa na manhã desta terça-feira (25), após a operação Replicante, que investiga o furto de mercadorias do Centro de Tratamento de Encomendas de Benfica, o maior centro de distribuição do Rio.
De acordo com a PF, as investigações começaram a partir da criação de um grupo no WhatsApp, no fim de 2018, chamado de “Empresas e Negócios”, no qual os líderes do esquema definiam as mercadorias que receberiam etiquetas falsas, que eram sobrepostas nas verdadeiras, fazendo com que os produtos fossem entregues nos endereços dos investigados.
Em 2019, porém, dois homens acabaram presos suspeitos de participação no esquema. Um deles, inclusive, não era funcionário dos Correios, mas tinha a função de produzir as etiquetas para a organização criminosa. Ele foi preso ao buscar uma encomenda em um centro de distribuição do Rio. No mesmo dia, um comparsa dele também foi preso e, a partir da apreensão dos celulares de ambos, a PF aprofundou suas investigações.
Ainda segundo a Polícia Federal, havia um grupo menor, formado por funcionários dos Correios – além pessoas que faziam as etiquetas e dividiam as tarefas – e um segundo grupo, formado por funcionários com cargos de chefia na estatal.
Dos nove mandados de busca e apreensão expedidos pela justiça, oito foram cumpridos nesta terça-feira. O nono não foi cumprido porque o investigado mora em uma região de risco no Rio e o MPF recomendou que fosse seguida uma determinação do STF, de só realizar incursões em favelas em situações de extrema necessidade.
Das 12 pessoas suspeitas de participação nos desvios, pelo menos seis são funcionários dos Correios e vão responder pelos crimes de peculato e organização criminosa.
“O número de pessoas do bem nos Correios é muito maior, mas essa pequena parcela de pessoas ruins, faz muito mal”, concluiu o delegado Hylton Coelho sobre os desvios de conduta na estatal.