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    Coronel Telhada e advogado divergem sobre uso da força em ações da PM

    O debate foi feito em meio a um novo caso de suspeita de abuso policial contra uma pessoa negra – desta vez em Ibaté, no interior de São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta sexta-feira, o deputado estadual Coronel Telhada (PP-SP) e o advogado especialista em segurança pública Ariel Castro avaliaram o uso excessivo da força policial em operações nas ruas.

    O debate foi feito em meio a um novo caso de suspeita de abuso policial contra uma pessoa negra – desta vez em Ibaté, no interior de São Paulo. Em um vídeo, o homem aparece no chão enquanto é imobilizado por dois policiais militares com enforcamento.

    Em nota à CNN, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que “o foragido da Justiça por tráfico de drogas” foi abordado por policiais militares durante patrulhamento. “Quando solicitado para que desembarcasse do automóvel, o procurado tentou fugir correndo, mas foi contido pelos agentes, sendo necessário o uso de força proporcional para a conclusão da detenção”, afirma a nota.

    O deputado classificou que o caso em Ibaté “é uma operação normal” e que foi “usada a força necessária para que ele fosse contido”. “Quem nunca participou de uma prisão, não sabe o que é pegar um indivíduo agressivo e que tenta fugir”, disse, acrescentando que “não pode haver uma generalização”.

    “Quando ocorrem casos realmente de excessos, a Polícia Militar e a SSP tomam todas as providências e, se for necessário, ‘cortam na própria carne’. Agora, generalizar que as ações da polícia são violentas? O país e o mundo estão violentos. Não temos aumento só na letalidade policial, mas também na letalidade criminal. A nossa Justiça, infelizmente, favorece o crime porque trata o criminoso de uma maneira muito suave. Aqui, o bandido não tem medo da lei, por isso faz o que faz”, completou.

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    Ariel Castro considerou que trata-se de “uma ação violenta e desnecessária” e analisou que a nova cena de ação policial considerada excessiva “está no contexto de uma escala de violência policial no Brasil”.

    “Tivemos, no ano passado, mais de 5,8 mil mortes geradas por policiais em ações e 867 cometidas por policias no estado de São Paulo. Se compararmos com os Estados Unidos, a polícia brasileira mata 17 vezes mais pessoas negras”, pontuou.

    Telhada criticou o que definiu como generalizações e rebateu que tratam-se de “estatísticas tendenciosas”. “Discordo totalmente do Ariel. Acho que ele nunca prendeu uma pessoa e não sabe como é fazer isso no meio da rua ou na casa da pessoa. Ele não sabe a violência do preso”, criticou. 

    “Nessa comparação com a polícia do Brasil e dos EUA, ele esqueceu de falar que se ela mata mais, ela morre 100% mais do que a polícia americana”, continuou o parlamentar. “A realidade é uma só: o Brasil é um país violento, onde, infelizmente, trabalhadores morrem todo dia e o policial é atacado diariamente. Ninguém respeita a polícia aqui porque não tem lei”, acrescentou.

    O advogado declarou que não fez generalizações e disse saber “da falta de estrutura e baixa remuneração aos policiais”, mas frisou que “está tratando de dados”. “Existe um aumento da violência policial em São Paulo, inclusive durante o período de quarentena. São os números que mostram”, destacou.

    Por fim, Castro defendeu a desmilitarização da PM. “Acho que não deveria ser reserva do Exército. Temos que mudar isso. Os policiais não podem ir para a rua como se estivessem em uma guerra e os adversários são os jovens negros e pobres, que são moradores da periferia. Temos que mudar o referencial de treinamento das nossas polícias”, concluiu.

    Outro caso

    Recentemente, um jovem negro foi agredido por policiais militares durante uma abordagem em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Gabriel, de 19 anos, relatou à CNN, o momento que foi sufocado pelo agente e desmaiou três vezes.

    “Não tive convulsão. Eu estava me debatendo porque não conseguia respirar. Eu estava pedindo socorro, para ele me soltar, e, quando minha voz não saía mais, eu desmaiei”, relembrou ele, que ficou com marcas no pescoço devido à agressão. 

    Em nota à CNN, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que analisa o caso e que os policiais foram afastados preventivamente e cumprem serviços administrativos durante a investigação. Além disso, segundo o comunicado, os “os policiais envolvidos na ocorrência já foram ouvidos, e as imagens citadas analisadas pela instituição, que adotará as providências cabíveis, após análise dos fatos”.

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