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    De isenção do IR ao aumento de bônus a servidores: o “vale-tudo” de Sergio Massa pela Presidência da Argentina

    Nos últimos dias, o ministro da economia anunciou diversas medidas para aumentar suas chances na disputa pela Casa Rosada

    Amanda Sampaioda CNN , São Paulo

    A pouco mais de um mês das eleições presidenciais na Argentina, o ministro da Economia e candidato à Presidência do país, Sergio Massa, adotou uma espécie de “vale-tudo” para aumentar suas chances de ocupar a Casa Rosada, após um resultado insatisfatório nas eleições primárias.

    Entre as medidas anunciadas está a devolução de impostos de produtos da cesta básica.

    A decisão aconteceu no mesmo dia em que o país divulgou que a inflação bateu a impressionante marca de 12,4% em agosto — com acumulado de 124,4% em 12 meses, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas da Argentina. Estes são os maiores índices em 32 anos.

    Segundo Massa, 18 milhões de argentinos serão beneficiados.

    A última semana começou com outra novidade: trabalhadores que ganham o equivalente a até R$ 25 mil por mês ficarão isentos do pagamento de Imposto de Renda (IR).

    Além disso, o governo anunciou aumentos e bonificações para aposentados, trabalhadores dos setores público e privado, domésticas, além de facilitar o acesso ao crédito.

    As medidas — que têm caráter mais populista — visam gerar uma “sensação momentânea” de alívio na economia argentina, avalia a professora de Economia do Insper, Juliana Inhasz.

    “Mas é importante deixar claro que é só uma sensação. Na prática, essas medidas farão com que a inflação fique ainda mais acelerada”, afirma.

    Para a especialista, os eleitores mais atentos às questões econômicas conseguem perceber que as decisões tomadas por Massa influenciam positivamente no aumento da variação de preços.

    Porém, ela destaca que as manobras só se mostram eficazes em indicar que existe, de fato, uma oposição ao que é proposto pelo ultradireitista Javier Milei.

    “Há muita gente apavorada com a possibilidade de Milei se eleger, e é nesse vácuo que Massa pode crescer, ainda que esteja usando uma receita já fracassada de auxílios e medidas inflacionárias”, acrescenta.

    Na análise de Inhasz, o cenário fiscal se deteriora à medida que mais políticas como as de Massa são colocadas em vigor.

    “É um ‘nadar contra a corrente’. As medidas são totalmente opostas ao que a Argentina precisa fazer para sair dessa situação”, conclui.

    Já o professor de relações internacionais da FGV e da USP Eduardo Viola, avalia que as decisões de Massa são quase “suicidas” e diz que o peronismo está em “desespero”.

    “É um tiro no pé e muito rápido, porque existe uma correlação clara entre o aumento da inflação e do dólar com a ascensão de Milei”, explica.

    No dia seguinte às primárias, o governo desvalorizou o peso argentino em 22%, o Banco Central aumentou a taxa de juros de 97% para 118% e o dólar do mercado paralelo disparou.

    Na visão do especialista, a disputa pela conquista dos votos da população mais pobre está entre Massa e Milei.

    “Em Buenos Aires, no bairro mais pobre, Milei teve o percentual de votos mais alto nas primárias, com 36%”, diz.

    Além das medidas populistas, Massa conseguiu firmar um tão esperado acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), poucos dias após o pleito.

    O desembolso confirmado pelo Fundo é de cerca de US$ 7,5 bilhões (R$ 36,59 bilhões) ao país por meio do programa de assistência Extended Fund Facility (EFF).

    Com o novo acordo, o montante total liberado pelo instrumento para o país sul-americano chega a US$ 36 bilhões (R$ 175,64 bilhões).

    O FMI avaliou que a Argentina não cumpriu as principais metas do programa de reestruturação até o fim de junho de 2023 devido à seca histórica enfrentada pelo país e aos deslizes na política econômica.

    Com informações de Luciana Taddeo, da CNN.

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