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    Mato Grosso pede que STF espere definição do Congresso para julgar marco temporal

    Tese defendida por ruralistas avança no Legislativo; Supremo deve retomar julgamento dia 20 com placar em 4 a 2 contra o marco

    Lucas Mendesda CNN , Brasília

    O governo do Mato Grosso pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que espere uma definição do Congresso Nacional sobre o marco temporal de demarcação de terras indígenas para julgar o tema.

    Segundo o pedido, assinado pelo governador Mauro Mendes (União Brasil) e por procuradores do estado, o Judiciário precisa ter uma postura “autocontida” diante da tramitação da proposta no Legislativo.

    Esperar a conclusão dos debates pelos congressistas seria “crucial para a efetivação da vontade popular expressa por seus representantes eleitos, bem como para garantir um processo democrático e participativo na definição das regras que regerão a demarcação de terras indígenas”, de acordo com a solicitação, enviada na quinta-feira (14).

     

    O marco temporal é uma tese jurídica defendida por ruralistas e que contraria os interesses das populações indígenas. Ela determina que a demarcação de uma terra indígena só pode acontecer se for comprovado que os indígenas estavam sobre o espaço requerido em 5 de outubro de 1988, quando a Constituição atual foi promulgada.

    A exceção é quando houver um conflito efetivo sobre a posse da terra em discussão, com circunstâncias de fato ou “controvérsia possessória judicializada”, no passado e que persistisse até 5 de outubro de 1988.

    No Congresso, o projeto de lei que busca estabelecer o marco temporal foi aprovado na Câmara. A proposta está agora tramitando na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

    Conforme mostrou a CNN, o relator do marco temporal na Casa, Marcos Rogério (PL-RO), deve insistir para acelerar a tramitação do projeto. O senador apresentou seu parecer na quarta-feira (13).

    Entre idas e vindas, o Supremo julga o caso desde 2021. A Corte pautou a retomada da análise para 20 de setembro. No momento, o placar está 4 a 2 para invalidar a tese. Há diferenças nos votos contrários ao marco temporal.

    Entidades do movimento indígena veem com preocupação pontos apresentados pelo ministro Alexandre de Moraes. O magistrado sugeriu vincular a demarcação de territórios com uma indenização prévias a ruralistas que tenham ocupado de boa-fé terras de tradicional ocupação indígena.

    O tema em discussão no STF tem relevância porque será com este processo que os ministros vão definir se a tese do marco temporal tem validade ou não. O que for decidido valerá para todos os casos de demarcação de terras indígenas que estejam sendo discutidos na Justiça.

    Segundo o pedido do governo de Mato Grosso, a postura “autocontida” do STF “não retira do Poder Judiciário a possibilidade do exercício do controle de constitucionalidade sobre o ato normativo exarado pelo Poder Legislativo”.

    O pleito é para que o Supremo se debruce sobre o tema só depois de eventual aprovação da proposta no Legislativo.

    Conforme o pedido, a regulamentação das terras indígenas é “exemplo notório” de que a interação “adequada” dos Poderes é essencial para fortalecer a democracia e preservar os direitos fundamentais.

    “Especialmente porquanto eventual solução adotada pelo Poder Legislativo poderá ser esvaziada caso esta Suprema Corte prossiga com o julga mento deste tema da repercussão geral”.

    Veja também: STF retoma julgamento do marco temporal de terras indígenas

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