Javier Milei chama Lula de socialista com “vocação totalitária” e critica Mercosul: “Fracasso comercial”
Candidato da extrema-direita à Presidência da Argentina disse que não gosta de "lidar com comunistas porque esse não é um sistema que conduz à melhoria dos bens"
O candidato à Presidência da Argentina, Javier Milei, chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “socialista com vocação totalitária” e tratou o Mercosul como um “fracasso comercial”.
As declarações foram feitas pelo candidato de extrema-direita da coalizão Libertad Avanza em entrevista à publicação inglesa The Economist.
Após ser questionado sobre como seria sua relação com a China caso fosse eleito, Milei disse que não gosta de “lidar com comunistas porque esse não é um sistema que conduz à melhoria dos bens”. “Nenhum sistema comunista conduz à liberdade. Na verdade, destrói-a, por isso, não posso ter relações com comunistas”, acrescentou.
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Em seguida, respondendo sobre como seria sua relação com Lula, o candidato argentina declarou: “Olhe as aberrações que ele está cometendo em seu governo. Não posso apoiar tais assuntos.”
Milei alegou que o governo Lula está “usurpando a liberdade de imprensa” e “perseguindo a oposição”: “É um regime que não está de acordo com as ideias de liberdade.”
Em outro momento, a Economist questiona o argentino como ele definiria Lula, uma vez que Milei não o vê como um presidente democrático.
“No caso do Lula é mais complicado… porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária”, afirmou.
Ele demonstrou opinião diametralmente oposta quando questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Bolsonaro travou uma luta digna contra o socialismo. Depois, a urna não foi com ele, mas é uma pessoa que travou uma luta digna de reconhecimento”, disse Milei.
Procurado pela CNN, o Palácio do Planalto disse que não irá comentar.
Mercosul é um “fracasso comercial”, diz Milei
Diante de sua posição ideológica, o candidato foi questionado se ele não avançaria em acordos de livre comércio pelo Mercosul por conta do envolvimento do Brasil.
Milei disse que, em sua visão, “livre comércio não inclui o Estado”. “É uma decisão privada, então você pode fazer comércio com quem você quiser”, continuou.
“O livre comércio não inclui a interferência do governo nas decisões privadas. Aquilo em que terei influência é na geopolítica, na estratégia em termos de geopolítica”, acrescentou.
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Em resposta sobre o que pensa do Mercosul, Milei afirmou que o bloco econômico “é um fracasso comercial que não ultrapassou a categoria de uma união aduaneira que só gera desvios comerciais e danos para todos aqueles que vivem na região”.
“Estou alinhado com [o presidente uruguaio Luis] Lacalle Pou, na medida em que acredito que o Mercosul é um fracasso. Não serviu ao povo, serviu apenas para negócios entre políticos e empresários”, continuou.
Questionado se, caso eleito, tentaria retirar a Argentina do Mercosul, respondeu: “Parece que o Mercosul não funciona e vou a favor de uma agenda de abertura unilateral. Uma vez concluídas as reformas associadas a esta abertura unilateral, não acredito que o governo administre o comércio.”
Sobre o acordo em negociação entre Mercosul e União Europeia, o candidato argentino disse que “a Argentina seguiria seu próprio caminho”.