Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    1º de Maio: Lula e FHC dividem ‘palanque’ pela 1ª vez desde eleição de Collor

    Líderes das centrais sindicais comparam a importância e a abrangência do movimento às Diretas Já

    Data importante para o movimento sindical, o 1º de Maio será marcado por “palanques virtuais” neste ano. Em meio à pandemia do novo coronavírus, nove centrais sindicais realizam nesta sexta-feira (1º) uma celebração online do Dia do Trabalho, que, pela primeira vez, acontece sem os tradicionais shows e discursos políticos para milhares de pessoas nas ruas do país.

    Para evitar aglomerações, seguindo a orientação das autoridades de saúde, as organizações optaram por fazer uma transmissão ao vivo, pelas redes sociais, com início marcado para as 11h30. O evento começa com uma celebração religiosa ecumênica e segue intercalando apresentações artísticas com discursos políticos.

    Outra mudança que deverá marcar a data é o fato de antigos adversários políticos subirem ao mesmo “palanque”, neste caso, dividirem a mesma live, em consonância contra o presidente Jair Bolsonaro. Embora algumas das conferências devam transmitir fortes discursos contra o atual governo, essa não deve ser uma bandeira única do evento.

    Entre os confirmados nas transmissões, estão os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Essa vai ser a primeira vez em que Lula e FHC dividem um mesmo palanque desde o segundo turno da eleição de 1989, quando o tucano apoiou o petista contra Fernando Collor de Mello.

    Candidatos à presidência na última eleição, os ex-ministros Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Fernando Haddad (PT) também participam, ao lado dos governadores Flavio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul.

    Além das figuras políticas, também devem marcar presença grandes nomes da sociedade civil, líderes sindicais, e artistas, inclusive o ex-baixista do Pink Floyd, Roger Waters — que criticou o cenário político brasileiro que estava se desenhando na última eleição durante uma turnê no país.

    Waters virou inimigo da extrema-direita brasileira ao estampar a frase “Fora Bolsonaro” em shows no Brasil em 2018. O ex-baixista do Pink Floyd enviou um vídeo cantando “We Shall Overcome”, composição do cantor folk Pete Seger, usada na campanha do ex-pré-candidato Democrata à presidência dos EUA Bernie Sanders. Ao lado dele, o ator norte-americano Dany Glover, que já participou de outros eventos da esquerda no Brasil, complementa a lista das atrações internacionais.

    Para manter a audiência, foram escalados também dezenas de músicos brasileiros. Na programação, constam grandes ícones do samba, do rap e da MPB, como Chico César, Zélia Duncan, Leci Brandão, Otto e Preta Ferreira, entre muitos outros. O evento também conta com a presença de atores como Dira Paes, Fabio Assunção e Bete Mendes.

    Os organizadores comparam a amplitude da ação política nesta data com o movimento pelas Diretas Já, que marcou a década de 1980 ao reunir desde Lula e Leonel Brizola até Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

    “É um 1º de Maio para questionar as políticas de emprego, saúde e salário mas também para colocar a questão da defesa da democracia. Não podemos deixar o Bolsonaro tratar o País como o quintal da casa dele, onde os filhos andam de patinete e fazem o que bem entendem. E sabemos que o movimento sindical sozinho não vai fazer essa mudança. Por isso decidimos ampliar”, disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, conhecido como Juruna.

    “Se vai ser impeachment, renúncia ou outra coisa quem vai dizer é a sociedade. Mas este presidente não pode continuar assim”, disse o líder sindical, um dos que compara o movimento atual com a Diretas Já.

    Mas a articulação teve percalços. Setores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, questionaram a direção da central sobre a participação em um mesmo ato com Rodrigo Maia e Alcolumbre, segundo eles “inimigos dos trabalhadores”. Representantes do PSOL, entre eles o ex-presidenciável Guilherme Boulos, decidiram não participar do ato devido à presença da dupla do DEM.

    O 1º de maio unificado será organizado pelas nove maiores centrais sindicais do país, CUT, Força, UGT, CTB, CSB, CGTB, Nova Central, Intersindical e Publica sob o lema “Saúde, Emprego e Renda. Em defesa da Democracia. Um novo mundo é possível”.

    *Com informações do Estadão Conteúdo

    Tópicos