‘Aulas poderiam voltar agora com medidas simples e baratas’, diz pesquisador
Fabio Jung ainda avaliou que as classes D e E têm 'sido extremamente desfavorecidas na pandemia" no quesito educação
O médico e pesquisador Fábio Jung afirmou à CNN, nesta sexta-feira (21), que as aulas presenciais no país poderiam voltar imediatamente com a implementação de “medidas relativamente simples e de baixo custo e organização” para garantir o distanciamento social das crianças.
Também nesta sexta-feira, a Prefeitura de São Paulo publicou um decreto que proíbe a reabertura antes de 7 de outubro de escolas de ensino formal na cidade.
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Questionado sobre como essas medidas podem ser implementadas no caso de escolas públicas e famílias de baixa renda, Jung avaliou que as classes D e E têm “sido extremamente desfavorecidas na pandemia” no quesito educação.
“É muito claro”, considerou ele, que ainda acrescentou que, mesmo fora da escola, “essas crianças já estão expostas e expondo seus familiares”. Para ele, o cenário social justifica os resultados do inquérito sorológico que apontou que dois terços dos alunos da rede municipal de São Paulo com Covid-19 são assintomáticos.
Jung ainda comentou a pesquisa divulgada pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que concluiu que as crianças têm papel expressivo na transmissão da doença causada pelo novo coronavírus e podem chegar a ser mais contagiosas do que os adultos.
Segundo ele, “a técnica detecta fragmentos do código genético do vírus, podendo ser daquele que já foi eliminado do sistema imunológico”.
Com isso, ele aponta que “é um estudo interessante”, mas feito com “192 crianças com mais material genético de vírus na cavidade nasal”. “Existem vários sobre a gripe em que a carga viral não correlaciona com transmissão da doença, então essa extrapolação é muito difícil de ser feita”, apontou.
Por fim, ele criticou que bares e restaurantes já estejam em funcionamento, inclusive com horário ampliado, enquanto escolas seguem fechadas.
“O outro ponto é que já estamos com bares, restaurantes e comércios, que me parecem ser menos relevantes para a sociedade do que o ensino e a proteção à infância”, afirmou. “Parece que as crianças se tornaram o último baluarte da pandemia, e não acho justo isso”, completou.
(Edição: André Rigue)