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    O Grande Debate: políticos são preparados para o combate à pandemia?

    Augusto de Arruda Botelho e Caio Coppolla debateram também sobre as propostas para o retorno do futebol no Brasil

    Da CNN, em São Paulo

    No Grande Debate da noite desta quarta-feira (20), Caio Coppolla e Augusto de Arruda Botelho avaliaram se os políticos estão preparados para enfrentar a pandemia de Covid-19 e debateram se é hora de voltar com o futebol no país.

    Falas polêmicas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) serviram de ponto de partida para a discussão.

    Em entrevista à revista Carta Capital, Lula disse: “ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus”. Bolsonaro, por sua vez, disse que “pessoas de direita tomam cloroquina; de esquerda, tubaína” — isso no mesmo dia em que o Brasil bateu recorde no registro diário de pessoas mortas pela Covid-19. A cloroquina não tem eficácia comprovada no combate à doença.

    Para Augusto, a frase de Lula foi “infeliz e equivocada”, e que o ex-presidente errou até mesmo ao pedir desculpas, uma vez que ela foi direcionada apenas a quem “se sentiu ofendido”. No entanto, o debatedor ponderou que a comparação com Bolsonaro não é válida.

    “Comparar a infeliz frase de Lula com as dezenas de infelizes frases de Bolsonaro não faz sentido: de um lado, temos a fala de um ex-presidente; do outro, um presidente em exercício, que tem poder decisório. Isso não deveria estar sendo discutido durante a pandemia.”

    Caio relembrou histórico de frases problemáticas do ex-presidente, que segundo ele “mostrou sua admiração a grandes sanguinários, como Stalin e Che” nos anos 70. Para Caio, o petista sempre se mostrou afeito a ideias totalitárias.

    “Lula é entusiasta da dominação política. Por seus desmandos, ele responde a diversas ações judiciais. Estamos comparando as frases de um corrupto condenado a de um político sem casos de corrupção em seu governo.”

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    Augusto disse preferir a discussão sobre as ações de políticos que podem influenciar na pandemia.

    “Estamos há seis dias sem um titular na pasta da saúde e um interino que ‘vai ficar um bom tempo’. No dia em que tivemos mais de mil mortes, foi quando nosso presidente optou por fazer a piadinha. Comprar as falas atuais de um presidente com a de um ex-presidente não faz sentido, pois há um abismo do que cada um pode fazer. Um faz; o outro, no máximo, opina.”

    Caio afirmou que “enquanto a imprensa nacional ainda tratar um criminoso como uma voz política a ser considerada no debate público, nós teremos que debater as falas dele”. Para ele, a discussão sofre do que chamou de “afetação de imparcialidade”, ao tratar com o mesmo peso frases que em sua opinião trazem cargas diferentes.

    “As frases não são equivalentes. Enquanto Bolsonaro fez uma troça, Lula comemorou a morte de milhares de pessoas em sua fala”, disse.

    Futebol

    O segundo tema do debate foi o encontro do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e do presidente do Vasco, Alexandre Campello, com Bolsonaro para discutir a volta do futebol.

    Apesar de ter se declarado um amante do futebol, Augusto disse que este não é o momento de pensarmos nisso. Para ele, o movimento do governo é feito para “mexer com o coração dos brasileiros”, em uma proposta sem fundamentos.

    “A justificativa para o retorno do futebol é que empregos relacionados a esporte devem ser mantidos e que atletas têm menos tendência de contrair o vírus, mas há milhares de pessoas que trabalham direta e indiretamente com esta atividade. Além de tudo, o futebol é um esporte de contato, então a possibilidade de contágio é enorme. A verdade é que a proposta do governo é mais do que irresponsável, é a típica jogada para a torcida”, disse Augusto.

    Caio lembrou que, mesmo que o retorno aconteça sem torcida, grande parte das receitas de clubes vem dos direitos de transmissão, o que poderia ajudar na manutenção da arrecadação dos clubes e manter os empregos dos funcionários, mas fez um alerta sobre os atletas.

    “Quem não se sente confortável em se expor, deve ter sua vontade respeitada. Porém, é importante ressaltar que as chances de contágio são maiores dentro do transporte público do que em um campo de futebol.”

    Augusto disse não ter pensado na questão dos atletas, e afirmou que este é um dos pontos principais da discussão.

    “Os atletas querem voltar, em sua maioria? Porque a única coisa que vemos até agora são presidentes de times interessados na retomada das receitas.”

    Ele também questionou a fala de Caio sobre maior possibilidade de contágio dentro de transporte público do que em um campo de futebol, afirmando que o contato no gramado acontece de forma muito mais intensa, e que pode causar um efeito em cadeia. “Corremos risco de um contágio exponencial dentro de times”, disse.

     

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