Vereadores recebem inquérito e processo contra Jairinho deve começar na sexta
Câmara do Rio recebeu cópias da investigação contra vereador, suspeito da morte do menino Henry Borel
Um pacote pesado e robusto chegou na procuradoria da Câmara do Rio de Janeiro na noite de terça-feira, 20 de abril, agitando o fim do expediente no parlamento municipal. Dentro do pacote, uma pasta com cópias dos depoimentos, provas, laudos e perícias da investigação da morte do menino Henry Borel. O calhamaço de folhas impressas que foi remetido para o Palácio Pedro Ernesto por ordem judicial está sob sigilo, mas agora sob posse dos vereadores, pode acelerar a cassação de Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho.
Assim que soube da chegada do documento esperado há dias pelos vereadores, o presidente do Conselho de Ética, Alexandre Isquierdo (DEM), logo convocou uma reunião do colegiado para às seis da tarde desta quarta (21/4). Na reunião ele avisará que o documento vai ficar na procuradoria da Câmara à disposição dos sete membros do conselho até sexta-feira, por 48 horas.
Por conta do sigilo, os vereadores devem ser proibidos de tirar fotos ou fazer cópias dos autos do inquérito. A reunião desta quarta deve avaliar, no entanto, se será permitido aos vereadores que levem consigo ou enviem à procuradoria um assessor técnico pra ajudar na leitura, como um advogado. A tendência é de que isso aconteça, já que seriam necessárias horas e horas pra dar conta da leitura das centenas de páginas das provas contra Jairinho.
Em entrevista à CNN, Isquierdo disse que na própria sexta a representação para a cassação de Jairinho já pode ser finalizada no Conselho de Ética. “Pode ser que sim. A gente a partir de amanhã já vai começar a trabalhar com essa representação. Ela será inevitável. Com posse dos autos a gente já vai começar a fazer essa peça para a representação”, disse.
Pra agilizar o processo, uma minuta que já está feita pela oposição pode ter elementos novos incorporados à ela, depois da análise dos autos da investigação. Os vereadores Chico Alencar (PSOL), Pedro Duarte (Novo) e a bancada do PT na Câmara organizaram a redação desse esboço, que eventualmente poderia até ter tramitação direta no plenário, sem passar pelo Conselho.
Alencar, no entanto, vai sugerir que o documento seja aproveitado. “Tudo indica que não haverá um novo caso Flordelis na Câmara do Rio, no sentido de a pessoa ter uma acusação pesadíssima de homicídio pesando contra ela e continuar exercendo o mandato parlamentar normalmente, como se nada tivesse acontecido”, disse à CNN.
Quando o processo andar, ele deve começar a tramitar pela Comissão de Justiça e Redação. O regimento interno prevê que Jairinho tenha possibilidade de se defender em todas as etapas do processo a partir daí.
Os novos advogados de Jairinho disseram à CNN que querem estudar o inquérito pra elaborar uma estratégia. A CNN revelou que em mensagens enviadas aos colegas parlamentares, o vereador chamou as acusações de “loucura sem tamanho”. “Parte da mídia e o pai do Henry estão querendo retratar um perfil meu que todos que me conhecem, inclusive uns na câmara a (sic) mais de 20 anos, que sabem que é impossível de ser verdade”, disse ele no recado enviado em março, duas semanas depois da morte de Henry e duas semanas antes de ser preso.