Vice-diretora da OMS: ‘Compra de vacina por empresa cria novo degrau no acesso’
À CNN, Mariângela Simão afirmou que entidade é contra a compra de imunizantes pela iniciativa privada por causar 'desequilíbrio' em vacinação no país
Em entrevista à CNN, a vice-diretora geral da área de Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão, afirmou que a entidade é contrária a compra de vacinas pela iniciativa privada.
Na terça-feira (6), a Câmara aprovou o texto-base do projeto de lei que permite a compra de vacinas contra a Covid-19 por empresas. Para Mariângela, se aprovada, a lei vai desequilibrar o processo de vacinação no Brasil. “O posicionamento da OMS tem sido a favor das medidas governamentais e do fornecimento de vacinas de forma equitativa por meio das iniciativas públicas, sejam elas internacionais ou nacionais”, disse. “Nós não podemos criar mais um degrau no acesso à vacina.”
A especialista ressaltou que faltam vacinas para os grupos prioritários do país, em especial para os profissionais de saúde, que seguem na linha de frente no combate à pandemia. “Se criar uma via pelo setor privado, se estará desequilibrando o sistema especialmente num momento em que não há vacinas suficientes para suprir as necessidades do conjunto de populações prioritárias”, destacou.
Mariângela também reforçou o alerta para a compra de imunizantes falsos, como já registrado no Brasil. Ela lembrou que os laboratórios produtores de vacina têm, a nível mundial, priorizado vender para o setor público antes de iniciarem negociações com a iniciativa privada. “Qualquer pessoa que for comprar uma vacina por meio da internet ou que não seja pelos mecanismos oficiais públicos está se colocando em risco porque não sabe o que está recebendo.”