RJ não tem plano logístico para distribuir vacinas em comunidades do estado
"Plano Estadual de Imunização está em fase de planejamento final e seus detalhes ainda não foram divulgados", disse secretaria
O governo do estado do Rio de Janeiro ainda não tem um plano definido para a logística de distribuição das vacinas nas regiões mais carentes e de difícil acesso do estado. Questionada sobre tal logística, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ) não informou o que pretende fazer para garantir que as pessoas mais carentes. moradores de favelas e regiões mais afastadas sejam contempladas com o imunizante contra a Covid-19.
Segundo estimativas do IBGE, apenas na capital fluminense, existem cerca de um milhão e meio de pessoas morando em favelas, o que corresponde a aproximadamente 22% da população total da cidade. A SES-RJ também não respondeu sobre se pretende utilizar aparato militar, como o auxílio do Exército, por exemplo, ou algum outro tipo de ajuda, para que essa logística possa garantir o acesso das pessoas mais carentes à vacina.
“O Plano Estadual de Imunização está em fase de planejamento final e seus detalhes ainda não foram divulgados”, afirmou, através de nota, a SES-RJ.
Já a Secretaria Municipal de Saúde, tanto a atual gestão quanto a gestão que será empossada a partir de janeiro de 2021, afirmou que o plano para garantir o acesso amplo das vacinas é continuar contando com as Clínicas das Famílias. Conforme informado pela pasta, a rede de Atenção Primária, composta por 236 Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde, garantirão que todas as comunidades da capital fluminense sejam atendidas. Essa rede abrange 108 Centros Municipais de Saúde e 128 Clínicas da Família, e acompanha, de acordo com a SES-RJ, mais de 4 milhões de pessoas cadastradas.
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“É importante destacar que o processo logístico de entrega já existe para a rotina e para as campanhas. Vale acrescentar que o plano deverá ser finalizado tão logo seja anunciada a vacina que será escolhida pelo Ministério da Saúde para imunizar os cidadãos. E que este será colocado em prática após alinhamento com a Secretaria de Estado de Saúde e o Ministério da Saúde”, informou a secretaria.
Conversamos também com o próximo secretário da futura gestão da Secretaria Municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, sobre essa plano de vacinação e se há a possibilidade de usar o Exército, por exemplo, no auxílio da garantia da entrega das vacinas em todas as regiões da capital.
Segundo Soranz, que tomará posse a partir de janeiro de 2021, não dá para descartar tal ajuda mas que, a princípio, não haverá necessidade de tal aparato militar. O futuro secretário também está contando com as Clínicas das Famílias, inclusive afirmando que pretende “fortalecê-las ainda mais”, e disse que “o SUS sabe fazer bem essa logística de vacinação”. Soranz se reunirá nesta terça-feira com o governo federal para ajustar detalhes sobre como será aplicado o Plano Nacional de Imunização no município do Rio.
Também entramos em contato com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, para saber como o órgão vem monitorando esse plano de imunização. Eles, inclusive, já encaminharam ofício ao estado do Rio, para saber todos os detalhes práticos e logísticos de como será aplicado o plano no estado e como o governo irá garantir a celeridade necessária para atender a população mais carente. Entretanto, já passado o prazo solicitado pela Defensoria para que o estado se manifeste, ainda não houve resposta ao ofício.
Compra de agulhas e seringas
A SES-RJ informou que até 20 de dezembro, 8 milhões de agulhas e seringas serão adquiridas pelo estado, para que seja possível colocar o plano de vacinação em prática, a partir do momento que a Anvisa aprovar a compra dos imunizantes pelo Ministério da Saúde. Garantir tais itens é tarefa obrigatória se o estado quiser pôr em prática o plano de vacinação. Além disso, o estado do Rio receberá um segundo lote, com outras 8 milhões de seringas e agulhas, em janeiro de 2021.
Essas 16 milhões de agulhas e seringas já foram compradas e, conforme informado pela Secretaria de Saúde, custou R$ 1.360.000,00 aos cofres do estado.