Doria diz que atos de Bolsonaro não se amparam em protocolos da OMS
Governador de São Paulo disse lamentar que o presidente tenha escutado o "gabinete do ódio"
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse lamentar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha escutado o que chamou de “gabinete do ódio” ao se manifestar na noite de terça-feira (24) em rede nacional de televisão.
Em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, o governador paulista disse que o presidente “perdeu a oportunidade de fazer um pronunciamento equilibrado, sereno, convidando as pessoas à solidariedade e mostrando a sua preocupação com a vida das pessoas”.
“Ele [Jair Bolsonaro] insiste em estabelecer nomenclaturas e posicionamentos que não estão amparados nos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e nos protocolos do seu próprio Ministério da Saúde”, disse o governador.
Doria também afirmou que ficou expresso no pronunciamento de Bolsonaro um confronto entre suas posições e o que chamou de “trabalho cuidadoso ao longo das últimas semanas” feito pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Confronto em conferência
Sobre o bate-boca com o presidente em reunião virtual nesta quarta-feira (25), Doria disse ter afirmado ao presidente que estava decepcionado com a intervenção feita na véspera e destacou que não alterou seu tom de voz e nem faltou com respeito, mas que propôs não relativizar a crise – que considerou a maior crise de saúde pública do país.
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“É um assunto grave. Já temos 46 vítimas e não entramos ainda nem no pico dessa chamada crise do coronavírus. Portanto, presidente, não politize a questão e não transforme em palanque político. Nós estamos, os 27 governadores, dedicados a salvar vidas.”
Ele também elogiou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), outro líder a criticar o pronunciamento do presidente. “Quero cumprimentar Ronaldo Caiado pela postura, firmeza e decisão correta que acaba de apresentar em comunicação à imprensa e aos seguidores no Twitter em defesa da vida”, disse Doria.
Encontro de governadores
O governador paulista afirmou ainda que os governadores dos 26 estados e do Distrito Federal farão uma teleconferência nesta quarta-feira (25), às 16 horas, para tratar da situação do novo coronavírus no país.
Doria disse que a reunião se faz necessária “dada a gravidade das circunstâncias no país e dado o comportamento do presidente da república [Jair Bolsonaro]”.
O governador informou que a reunião virtual terá duração de duas horas e seus resultados serão informados à imprensa pelos governantes logo após o encontro.